Dois cidadãos de países africanos de língua portuguesa e um nigeriano foram atacados no domingo à noite por jovens russos armados com facas, numa passagem subterrânea do centro de Moscovo.
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As vítimas da agressão ficaram feridas, tendo uma delas, um cidadão moçambicano, sido internada num hospital devido à gravidade dos ferimentos.
"Seguíamos a conversar na Nova Arbat [uma das principais artérias de Moscovo] e entrámos num subterrâneo. Inesperadamente fomos atacados pelas costas por quatro russos", contou hoje à agência Lusa Dério, um cidadão cabo-verdiano que dirige um centro de estudo da língua portuguesa em Moscovo.
"O meu amigo nigeriano foi o primeiro a cair depois de ter sido agredido nas costas. Eu levei um murro na cara e caí de joelhos. Quando me consegui levantar, desferiram-me um murro na vista, mas consegui escapar", recordou.
Gabriel, um moçambicano que estuda medicina na capital russa, foi golpeado com uma faca pelos atacantes.
"Deram-me uma facada numa das orelhas. Tentaram cortar-ma, mas não conseguiram. Deram-me murros na cara", declarou Gabriel por telefone à Lusa, acrescentando: "Estou com um olho inchado e não consigo abrir, tenho também a boca inchada e um dos dentes abana. Os médicos suturaram a orelha".
Segundo Dério, o grupo foi salvo por dois russos e uma russa que entraram na passagem subterrânea e tentaram travar a fúria dos atacantes.
"Os dois russos defenderam-nos dos quatro jovens que nos atacaram. Um deles levou alguns golpes nas mãos, mas obrigaram os atacantes a retirar-se", contou o cabo-verdiano. "A russa começou a telefonar para a polícia e o pronto-socorro, pois Gabriel sangrava muito e estava inconsciente", adiantou.
A polícia chegou ao local e tomou conta da ocorrência e o pronto-socorro transportou Gabriel para um dos hospitais de Moscovo.
Quanto aos motivos dos atacantes, os cidadãos dos países lusófonos não têm dúvida de que se tratou de mais um ataque racista, fenómeno muito frequente em Moscovo.
"Não nos tentaram roubar nada, apenas queriam agredir-nos. Claro que se trata de um ataque racista, contra pessoas que têm outra cor da pele", considerou Dério, cuja opinião foi partilhada pelo moçambicano Gabriel.