Cientistas criam ratos com dois pais e abrem a porta a revolução na fertilidade humana
Cientistas da Universidade de Kyushu, no Japão, criaram ratos com a junção de células masculinas. A nova descoberta poderá ser um avanço nos tratamentos de infertilidade humana e ajudar casais do mesmo sexo a ter filhos biológicos.
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Em declarações ao jornal britânico "The Guardian", Katsuhiko Hayashi, líder da investigação da Universidade de Kyushu, explicou que "este é o primeiro caso de produção de ovócitos de mamíferos a partir de células masculinas". O avanço poderá contribuir para que, futuramente, casais do mesmo sexo tenham hipótese de ter um filho biológico.
A investigação passou por várias etapas. O estudo tinha como intuito duplicar o cromossoma feminino, XX, isto é, transformar cromossomas masculinos em cromossomas femininos. Para isso, as células masculinas foram modificadas para células-tronco, que são células não diferenciadas e têm a capacidade de se transformarem num dos 200 tipos existentes de células. Desta forma, o cromossoma masculino Y, da união XY, foi alterado pelo cromossoma feminino X, produzindo assim a célula-tronco com dois cromossomas idênticos.
O investigador refere também que poderá ser possível criar um óvulo através de células da pele masculina. Esta técnica poderá vir a ser utilizada em inúmeras casos de infertilidade, nomeadamente em mulheres com síndrome de Turner - doença rara que causa anomalias nos cromossomas femininos - em casais do mesmo sexo.
O reitor da Faculdade de Medicina de Harvard, George Daley, considera que o trabalho é "fascinante", reconhecendo, contudo, que a criação de gâmetas em laboratórios através de células humanas é mais desafiante. "Ainda não temos conhecimento suficiente sobre a complexa biologia da gametogénese humana para reproduzir o trabalho tão provocador que Hayashi conseguiu nos ratos", explicou.
Os cientistas já conseguiram criar precursores dos óvulos humanos, mas, até agora, as células pararam sempre de se desenvolver no estágio da meiose, etapa necessária para o desenvolvimento de óvulos e espermatozoides maduros. "Os próximos passos desafiam a engenharia. Mas isso pode demorar entre 10 a 20 anos", afirmou Amander Clark, investigador e professor da Universidade da Califórnia.