
Nikos Kefalinos é um dos 60 voluntários de uma clínica
A voz de Nikos Kefalinos começa a tremer quando lhe perguntam sobre a situação em que vivem muitas das pessoas que diariamente visitam a Clínica Solidária de Peristeri, um bairro da zona oeste de Atenas.
É um dos mais de 60 voluntários que todas as semanas dedicam várias horas àquela organização, 20 deles médicos de várias especialidades. "Antes da crise, esta zona era de classe média, agora a maioria vive na pobreza".
Esta é uma das mais de 40 clínicas solidárias que emergiram nos últimos dois anos por toda a Grécia. O objetivo é "paliar os efeitos dos cortes, que deixaram quase três milhões de gregos sem acesso aos cuidados de saúde básicos", prossegue Nikos, descrevendo os que ali acorrem como "vítimas de uma guerra social".
Tudo o que ali se encontra procede de doações, desde os medicamentos aos cerca de 50 metros quadrados que servem de local para a clínica. Não aceitam dinheiro: quem quer colaborar é convidado a oferecer bens ou material.
Para além das clínicas, muitas outras estruturas sociais foram nascendo nos últimos anos na Grécia "como forma de dar resposta à crise humanitária decorrente dos anos de austeridade", explica Christos Giovanopoulos, membro do Solidarity for All, uma organização que apoia as várias entidades solidárias centralizando informação e fomentando a criação de laços entre elas. A nível global, o objetivo da entidade é criar "um movimento político que desafia diretamente a forma de organização capitalista", explica.
Farmácias, escolas, bancos de alimentos, mercados de distribuição de produtos... o fervilhar de organizações solidárias que despontaram na Grécia é de tal ordem que tem chamado a atenção da imprensa internacional.
Georgia Bekridaki já perdeu a conta aos jornalistas e ativistas estrangeiros que recebeu na última semana na pequena sede do Solidarity for All na rua Akadimias, no centro de Atenas. "Estamos abismados com o número de pessoas que tem vindo dar-nos apoio nestes dias prévios às eleições", confidencia ao JN a jovem socióloga de 31 anos (na foto, em cima). Também apoiante do Syriza, não esconde o entusiasmo relativo à eleição de domingo: "Depois de tantos anos a lutar na Oposição, estamos ansiosos com esta oportunidade histórica".
