Os colegas de trabalho de Francisco José Garzón Amo defendem o maquinista do comboio que descarrilou em Compostela. "Não era dos que corria" e "é muito sensato", dizem. O homem, de 52 anos, continua internado, "meio sedado" e desconhece extensão da tragédia.
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Francisco José Garzón é conhecido entre os maquinistas da empresa de caminhos de ferro espanhola Renfe por ser calmo e ponderado, o oposto do que o acusam agora, depois do descarrilamento que causou 78 mortos e centena e meia de feridos.
"Aí ven Garzón" era a piada entre maquinistas, quando um comboio estava atrasado, porque o homem "não era dado a correrias", antes uma pessoa "muito sensata".
"Não é impulsivo, é muito calmo", diz Ángel Rodriguez, colega de profissão e sindicalista galego, sustentando que Garzón destaca-se por ser "muito sensato", não o louco que muitos retratos fazem dele após o acidente.
Rodriguez lamenta que estejam a "diabolizar" e a "incriminar" o maquinista ao usar informações da página pessoal de Garzón no Facebook, onde aparecem fotos com um velocímetro a marcar os 200 km/hora. "Não são atuais" e podem ter sido tiradas num troço de alta velocidade do Alvia, a uma velocidade normal para aquele tipo de comboio.
Em declarações ao jornal El Mundo, Rodriguez diz que Garzón tem uma folha de serviço "inatacável", sem qualquer incidente prévio. "É um homem exemplar", acrescentou.
O sindicalista aconselha a que se peguem com pinças nas palavras de Garzón após o descarrilamento, quando disse que seguia a 190 km/h numa local com velocidade máxima de 80. "Em estado de choque, não sabes o que dizes", argumenta.
O maquinista está hospitalizado e tem tido a companhia da mãe e de dirigentes da Renfe. Segundo Rodriguez, tem mais de um golpe na cabeça, partiu várias costelas e tem uma fissura que lhe afeta um pulmão.
"Está meio sedado" e apesar de saber que há vítimas mortais, Garzón desconhece a extensão da tragédia, contou o sindicalista e maquinista galego.