A juíza italiana que decidiu, esta quarta-feira, colocar o comandante do «Costa Concordia» sob prisão domiciliária encontrou "graves indícios de culpabilidade" contra ele, nomeadamente não ter tentado subir a bordo durante a evacuação do navio naufragado.
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A presença no navio de "outros membros do pessoal e oficiais que desenvolviam esforços para retirar os passageiros desmente objectivamente as declarações do comandante sobre a impossibilidade de dirigir os procedimentos de emergência e socorro", escreveu a juíza Valeria Montesarchio na fundamentação da sua decisão, citada pelos 'media' italianos.
A juíza considerou também que o comandante, Francesco Schettino, não fez "nenhuma tentativa séria" para regressar "pelo menos para perto do navio", depois de o ter abandonado em pleno processo de evacuação. Depois de descer, escreveu a juíza, o comandante permaneceu durante horas nas rochas a assistir às operações de salvamento.
A juíza explicou a decisão de o libertar com a ausência de risco de fuga e a de o colocar sob prisão domiciliária com o risco de "ocultação de provas".
Segundo a legislação italiana, a prisão domiciliária implica a proibição de abandonar a residência e limita os contactos ao advogado e aos familiares de "primeiro grau".
A juíza não considerou como circunstâncias atenuantes a declaração do comandante de que, após o embate, fez "uma manobra de emergência" para que o navio naufragasse junto à costa. "Era lógico" que agisse assim, considerou a juíza, "para limitar o mais possível as consequências de um erro grave".
O comandante, detido no sábado, é alvo de um inquérito da procuradoria de Grosseto por homicídio múltiplo por negligência, naufrágio e abandono de navio, acusações pelas quais pode ser condenado a 15 anos de prisão.
O «Costa Concordia» naufragou na sexta-feira junto à costa da Toscânia, Itália, depois de se desviar da sua rota e embater em rochas junto à ilha de Giglio. Pelo menos 11 pessoas morreram e duas dezenas estão desaparecidas.