A comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay, apelou, esta quarta-feira, a uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza, condenando também os ataques indiscriminados do Hamas sobre zonas civis.
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Navi Pillay fez a sua intervenção numa reunião de urgência no Conselho dos Direitos Humanos nas Nações Unidas, pedida pela Palestina e outros países árabes, exigindo o respeito do direito internacional nos territórios palestinianos ocupados.
Relembrando os mais recentes exemplos da destruição de habitações e mortes de civis, incluindo crianças, na Faixa de Gaza, Pillay indicou que existe "uma forte possibilidade de o direito humanitário internacional ter sido violado, de uma maneira que poderá constituir um crime de guerra" e exigiu a realização de uma investigação sobre a ofensiva israelita.
Pillay recordou que os ataques israelitas já provocaram a morte de mais de 600 palestinianos, sendo que 147 são crianças e 74 mulheres, e que 74% destes mortos são civis. A comissária sublinhou ainda que do lado israelita apenas 27 soldados e dois civis foram mortos.
"Mais uma vez, os princípios de distinção e de precaução não foram claramente respeitados durante ataques indiscriminados dirigidos a zonas civis pelo Hamas e outros grupos palestinianos armados", afirmou também Pillay, lembrando que "as habitações civis não são alvos legítimos, a menos que estejam a ser usadas ou contribuam para propósitos militares".
A comissária referiu a prática israelita de alertar antes de atacar, mas recordou que estes avisos deveriam ser claros, credíveis e dar tempo suficiente à população para procurar abrigo. Pillay relembrou o caso da morte de três crianças no colapso de um teto atingido por um projétil lançado como aviso.
Foi dada especial atenção ao impacto destes conflitos nas crianças da Faixa de Gaza, sublinhando em especial a morte de quatro menores e o ferimento de outros sete enquanto brincavam na praia.
Desde 12 de julho, Israel deteve mais de 1200 palestinianos na Cisjordânia e em Jerusalém oriental, muitos dos quais foram postos em detenção administrativa, o que significa que estão presos sem nenhuma acusação.
"A cultura de impunidade perante as alegações de violações de direitos humanos convida a mais transgressões e vitimas. Todas as alegações devem ser investigadas, e até agora não o foram", concluiu Pillay.
Um projeto de resolução está a ser discutido e será submetido à aprovação dos participantes da reunião, condenando "firmemente as violações massivas e sistemáticas dos direitos do Homem durante as operações militares israelitas no território palestiniano ocupado após 13 de junho, em especial a ofensiva israelita em Gaza".
Os países europeus e os Estados Unidos da América não apoiaram a convocação da reunião de urgência do organismo da ONU.