Médicos no Reino Unido estão a usar uma nova abordagem para expulsar superbactérias resistentes a antibióticos. Através de amostras de fezes provenientes de dadores saudáveis, criaram comprimidos capazes de combater infeções que matam cerca de um milhão de pessoas por ano.
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Segundo a BBC, os cientistas utilizaram amostras de fezes doadas a um banco, que são testadas para garantir que não contém quaisquer micróbios nocivos e são depois transformadas num pó, que é armazenado dentro de um comprimido. Ao ser tomado, dissolve-se e permite ao doente defecar.
Os primeiros dados mostram que as superbactérias podem ser expulsas do intestino e substituídas por uma mistura de bactérias intestinais saudáveis.
Blair Merrick, o médico que tem testado os "comprimidos de fezes" em hospitais do Reino Unido, explica que o intestino é “o maior reservatório de resistência aos antibióticos nos seres humanos”. É a partir deste órgão que as superbactérias "escapam" e afetam outras partes do corpo, causando problemas como infeções do trato urinário ou da corrente sanguínea.
Este método surgiu quando os investigadores deram conta que os transplantes fecais, que estão aprovados para tratar a diarreia grave causada pela bactéria Clostridium difficile, também estavam a eliminar as superbactérias.
Os testes com os "comprimidos de fezes" foram realizados em 41 doentes que tiveram uma infeção causada por bactérias resistentes a antibióticos nos últimos seis meses, numa fase inicial, para depois ser testado em grande escala.
"É muito emocionante. Há uma verdadeira mudança desde há 20 anos, em que se presumia que todas as bactérias e vírus nos faziam mal, para agora, em que nos apercebemos que são completamente necessárias para a nossa saúde em geral", afirma Merrick, referindo-se às bactérias intestinais saudáveis.