A UE afirmou hoje estar preocupada com episódios de violência entre o Hamas e outros grupos palestinianos, na Faixa de Gaza, esperando que não ponham em causa o cessar-fogo com Israel.
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A UE está "preocupada com as informações recebidas sobre múltiplas mortes em Gaza devido a confrontos entre membros do Hamas e de gangues", disse o porta-voz do executivo comunitário para os Negócios Estrangeiros Anouar El Anouni, na conferência de imprensa diária.
"Encorajamos todas as partes a dar provas de contenção e a não se envolverem em atividades que possam ameaçar o cessar-fogo", acrescentou o porta-voz.
O executivo comunitário reiterou que o Hamas "não deve ter qualquer papel futuro na governação de Gaza" e que o grupo "deve desarmar-se, também em linha com o plano do Presidente [norte-americano, Donald] Trump".
Na segunda-feira, o Hamas executou pelo menos sete alegados colaboradores de Israel e deteve outros suspeitos e membros de fações rivais.
O movimento islamita palestiniano confirmou as detenções de "um grande número de colaboradores" e membros de milícias rivais que surgiram durante a ofensiva militar israelita, agora interrompida ao fim de mais de dois anos, no enclave palestiniano.
"Qualquer pessoa que seja apanhada a colaborar com o inimigo ou a cometer crimes será encaminhada para as autoridades judiciais para as medidas legais necessárias", afirmou o Hamas, acrescentando: "Atacaremos com mão de ferro qualquer pessoa que perturbe a segurança".
Cessar-fogo
O entendimento entre Israel e o Hamas foi impulsionado pelos Estados Unidos e negociado ao longo de vários dias em Sharm el-Sheikh com a mediação de delegações do Egito, do Qatar e da Turquia.
Nesta fase, foi acordado o cessar-fogo, a retirada gradual das forças israelitas, a entrada em massa de ajuda humanitária no enclave palestiniano e a troca de reféns por prisioneiros.
Ao todo, 1.968 prisioneiros foram libertados ao abrigo do acordo, incluindo muitos condenados por ataques mortais contra Israel, bem como 1.700 palestinianos presos por alegadas "razões de segurança", desde o início da guerra, em outubro de 2023.
Em troca, o Hamas devolveu em duas vagas 20 reféns vivos mantidos em cativeiro no enclave palestiniano há quase dois anos e entregou quatro corpos dos 28 que se presumem mortos.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 67 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.