A polícia da Irlanda do Norte e jovens nacionalistas enfrentaram-se esta noite no norte de Belfast, no quarto dia consecutivo de distúrbios, tendo as autoridades disparado balas de borracha, informaram hoje fontes oficiais.
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O centro dos tumultos voltou a ser o bairro católico de Ardoyne, onde um grupo de manifestantes -- menor do que nos dias anteriores -, incendiou um veículo e lançou bombas incendiárias contra as forças policiais, adiantou um porta-voz da polícia, acrescentando que, desta vez, não se registaram feridos.
Desde domingo, 82 agentes da polícia ficaram feridos nos tumultos registados em diferentes locais da capital da Irlanda do Norte e em outras localidades da província, e que coincidem com as celebrações protestantes do "12 de Julho".
Nesta data, milhares de membros e apoiantes da Ordem de Orange marcham em várias cidades da província para assinalar o dia 12 de Julho de 1690, quando o protestante Guilherme de Orange venceu o seu rival católico Jaime II ao trono de Inglaterra.
Segundo fontes da hierarquia da polícia da Irlanda do Norte, a classe política da província não fez o suficiente para pôr fim à violência recorrente nesta época, uma crítica dirigida ao chefe do governo da Irlanda do Norte, o unionista Peter Robinson, e ao seu adjunto, o republicano Martin MacGuinenness.
Ambos estiveram reunidos na quarta-feira em Belfast, com o principal responsável das forças policiais, Marr Baggott, para discutir o tema e apresentar uma decisão comum.
MacGuinness afirmou que é claro que "há grupos lá fora" que querem reavivar o conflito civil do passado, uma alusão aos dissidentes republicanos.
Marr Baggott disse que os incidentes, em que participam crianças de "oito, nove ou dez anos de idade" são orquestrados por elementos dissidentes do inactivo Exército Republicano Irlandês (IRA).
O policia instou também os políticos da Irlanda do Norte a solucionar urgentemente o problema das marchas protestantes.
Até meados dos anos 1990, as marchas orangistas podiam passar quase sem restrições nos bairros católicos. No entanto, a repetida ocorrência de confrontos entre os participantes nas marchas e grupos de católicos que se organizavam para bloquear a sua passagem levaram as autoridades britânicas a impor cada vez mais limitações à passagem pelos bairros católicos.
Com a devolução a Belfast, em Abril, das competência sobre a Justiça e o Interior, por Londres, os partidos da província britânica acordaram eliminar a controversa Comissão de Desfile e envolver as duas comunidades na decisão sobre as rotas das marchas protestantes.
Os planos apresentados pelos políticos, que devem entrar em funcionamento no próximo ano, foram recusados na semana passada pela Ordem de Orange, entidade que os católicos consideram profundamente sectária.