Uma organização de médicos do Sudão garantiu, este sábado, que os combates em Cartum entre o exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) já provocaram um "grande número de mortes e feridos".
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"Confirmamos que há um grande número de mortes e um grande número de feridos que ainda estão presos devido aos confrontos", revelou o Sindicato dos Médicos Sudaneses, considerado como fonte regular de organismos internacionais durante casos anteriores de violência no país africano, na sua página na rede social Facebook.
A organização não avançou, porém, com números concretos de vítimas, alegando que, neste momento, é impossível proceder à sua contabilização, dado o caos e a violência que se vive na capital do país.
"Apelamos a todas as forças para que parem imediatamente os combates e abram um caminho seguro para que os feridos recebam cuidados médicos", acrescentou o sindicato, que conseguiu identificar pelo menos três civis mortos e nove feridos durante as primeiras horas das hostilidades.
O Chade anunciou o encerramento da sua fronteira com o Sudão, que se estende por mais de mil quilómetros no leste do país.
"Perante a conjuntura de agitação, o Chade, enquanto medida para proteger as suas fronteiras, decidiu fechar a fronteira com o Sudão até novo aviso", adiantou o porta-voz do Governo, Aziz Mahamat Saleh, num comunicado citado pela agência France-Presse.
As RSF indicaram ter assumido o controlo do palácio presidencial, bem como do aeroporto internacional de Cartum, o maior do Sudão, afirmação desmentida pelas Forças Armadas.
A violência ocorrida, este sábado, no Sudão mereceu uma condenação generalizada, em concreto da Organização das Nações Unidas (ONU), União Europeia, Estados Unidos da América, Rússia e Liga Árabe, que pediram o fim imediato das hostilidades.
Estes confrontos surgem dois dias depois de o Exército ter alertado para uma "situação perigosa" no país que poderia conduzir a um conflito armado, na sequência da mobilização das RSF na capital sudanesa e noutras cidades sem o consentimento ou coordenação das Forças Armadas.
Essa mobilização ocorreu durante as negociações para chegar a um acordo político definitivo que pusesse fim ao golpe de 2021 e conduzisse o Sudão a uma transição democrática, pacto cuja assinatura foi adiada duas vezes neste mês justamente por causa das tensões e rivalidades entre o Exército e as RSF.