Delegações israelitas e palestinianas reúnem-se no domingo na Jordânia para tentar restaurar a calma nos territórios palestinianos, após vários dias de violência com vítimas mortais, segundo um responsável do Governo jordano.
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A reunião sobre "política e segurança" decorrerá na estância balnear de Aqaba, no mar Vermelho, com a presença de representantes dos Estados Unidos e do Egito - ligado a Israel, tal como a Jordânia, por um tratado de paz -, disse à agência de notícias francesa AFP o mesmo responsável jordano, a coberto do anonimato.
Segundo a mesma fonte, as conversações visam "reforçar a confiança" entre Israel e os palestinianos e adotar medidas que assegurem a acalmia.
"Esta reunião surge num momento muito crítico e constitui uma iniciativa necessária da parte da Jordânia para tentar obter um acordo entre Israel e os palestinianos, com vista a pôr fim à escalada da violência", acrescentou o responsável.
As conversações inscrevem-se "no âmbito da intensificação dos esforços realizados pela Jordânia, em coordenação com a Autoridade Palestiniana e outras partes, para pôr fim às medidas unilaterais [de Israel] e a uma degradação da segurança que poderá alimentar mais violência", disse ainda a mesma fonte.
"A decisão de participar na reunião de Aqaba, apesar da dor e dos massacres de que o povo palestiniano está a ser alvo, advém da vontade de pôr um termo ao derramamento de sangue", indicou na rede social Twitter o partido Fatah, do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas, quando outras fações palestinianas condenaram a sua presença no encontro.
Ronen Bar, líder do Shin Bet, a agência de segurança interna israelita, participará igualmente na reunião, indicou um responsável da segurança de Israel.
As forças israelitas mataram na quarta-feira 11 palestinianos, entre os quais um adolescente de 16 anos, e, segundo o Ministério da Saúde palestiniano, feriram a tiro mais de 80 pessoas, numa operação em Nablus, no norte da Cisjordânia. É o balanço de vítimas mortais palestinianas mais elevado desde 2005.
Desde o início deste ano, o conflito israelo-palestiniano custou a vida a 62 palestinianos (incluindo membros de grupos armados e civis, alguns dos quais menores) e a um polícia e nove civis israelitas (três dos quais menores), bem como a uma cidadã ucraniana, de acordo com uma contagem da AFP efetuada coligindo números oficiais israelitas e palestinianos.
O ataque de quarta-feira em Nablus, o mais recente de uma série de operações militares israelitas mortíferas na Cisjordânia -- território palestiniano desde 1967 ocupado pelo Estado hebreu --, ocorreu quase dois meses depois da posse de um novo Governo em Israel, o mais à direita da história do país e que é assumidamente composto por partidos defensores de uma linha dura em relação aos palestinianos.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deslocou-se em janeiro a Amã para um raro encontro com o rei Abdallah II, que insistiu na "necessidade de manter a calma e de pôr fim a todos os atos de violência", declarou então o palácio real jordano.