A Coreia do Norte realizou, esta quarta-feira, um teste de mísseis, informou a Coreia do Sul, depois de Seul ter anunciado o regresso da vigilância aérea em resposta ao recente lançamento de um satélite espião norte-coreano.
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O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse ter detetado o lançamento do míssil a partir da região de Pyongyang e dirigido à zona marítima oriental, acrescentando que o lançamento deverá ter fracassado.
Este lançamento norte-coreano - o primeiro disparo de armas em mais de dois meses - ocorreu horas depois de a Coreia do Sul ter anunciado que decidiu suspender parcialmente um acordo com a Coreia do Norte e reiniciado a vigilância aérea na fronteira.
As Forças Armadas da Coreia do Sul confirmam que o satélite espião norte-coreano entrou em órbita, mas ainda não conseguiram avaliar se ele está em pleno funcionamento.
Os órgãos de comunicação estatais da Coreia do Norte asseguram que o satélite já transmitiu imagens com vistas espaciais de locais militares importantes no território de Guam, no Pacífico, mas não divulgaram as fotos, pelo que vários especialistas continuam céticos sobre se o satélite norte-coreano é suficientemente avançado para realizar um reconhecimento militar significativo.
Apesar das dúvidas sobre o lançamento, os Estados Unidos já condenaram esta ação do regime de Pyongyang.
A Coreia do Norte afirma ter direitos soberanos e legítimos para lançar satélites espiões para fazer face ao que chama de intensificação das ameaças lideradas pelos Estados Unidos.
Contudo, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU proíbem quaisquer lançamentos de satélites por parte da Coreia do Norte, considerando-os como uma forma de testar a sua tecnologia de mísseis de longo alcance.
Heo Tae-keun, vice-ministro da política de Defesa da Coreia do Sul, disse que este lançamento de um satélite espião por parte de Pyongyang não foi apenas uma clara violação das resoluções da ONU, mas também "uma grave provocação que ameaça a segurança nacional".
O governante explicou que Seul decidiu responder suspendendo parcialmente um acordo que mantinha com Pyongyang desde 2018 e retomar as atividades de vigilância aérea na fronteira, acrescentando que o Governo sul-coreano irá "punir imediata e fortemente" a Coreia do Norte.
O acordo de 2018 - assinado durante um curto período de reconciliação entre os dois países - criou zonas tampão e de exclusão aérea ao longo da fronteira fortemente fortificada.
Segundo o acordo, os dois países ficaram obrigados a interromper o reconhecimento aéreo e os exercícios de fogo real na linha de frente.
NATO, UE e G7 condenam lançamento
A NATO, os países do G7 e a União Europeia (UE) condenaram o lançamento do satélite espião norte-coreano, considerando-o uma ameaça à paz e à estabilidade global e uma violação das resoluções da ONU.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou "firmemente" o lançamento do satélite espião norte-coreano e acrescentou que Pyongyang "deve pôr fim à sua conduta perigosa".
"Condeno firmemente o lançamento de um satélite militar pela República Popular Democrática da Coreia, usando tecnologia de mísseis balísticos em violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", declarou Stoltenberg em comunicado.
O lançamento "aumenta as tensões e representa um grave risco para a segurança regional e internacional" e "a Coreia do Norte deve pôr fim à sua conduta perigosa, abandonar os seus programas nucleares e de mísseis balísticos e envolver-se na diplomacia de boa-fé", afirmou.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), bem como o Alto Representante da UE, consideraram o lançamento norte-coreano uma "ação irresponsável" e solicitaram uma resposta firme ao Conselho de Segurança da ONU.
Para os membros do G7, "qualquer lançamento que utilize tecnologia de mísseis balísticos" constitui uma violação das resoluções da ONU.
O grupo de países condenou ainda as exportações de armas da Coreia do Norte para a Rússia para serem utilizadas na Ucrânia, como mais uma violação das resoluções da ONU. O G7 manifestou também preocupação "com a potencial transferência de tecnologia nuclear ou de mísseis balísticos" de Moscovo para o regime de Pyongyang.
"A Coreia do Norte não pode ser e nunca terá o estatuto de Estado detentor de armas nucleares ao abrigo do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares", afirmaram os ministros do G7.