Coreia do Sul assombrada com ciberviolência sexual investe milhões contra deepfakes
A polícia da Coreia do Sul afirmou esta quinta-feira que planeia gastar quase sete milhões de dólares (cerca de 6,3 milhões de euros) nos próximos três anos em tecnologia para combater deepfakes - Imagens em que são usados rostos em vídeos alteradoS , clonagem de voz e outras formas de fraude digital.
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Nas últimas semanas, as autoridades descobriram uma extensa rede de salas de chat do Telegram, muitas vezes criadas em escolas e universidades, nas quais os utilizadores partilhavam pornografia deepfake gerada por inteligência artificial, retratando estudantes e funcionárias do sexo feminino.
As revelações provocaram indignação pública, com o presidente a prometer medidas severas.
A Agência Nacional da Polícia de Seul afirmou esta quinta-feira que vai alocar cerca de 1,8 milhões de euros por ano até 2027 para o desenvolvimento de tecnologia para detetar conteúdos fabricados digitalmente, como deepfakes e clonagem de voz. Além disso, também vão investir centenas de milhares de euros para atualizar o seu atual software para monitorizar vídeos deepfake e outros vídeos gerados por inteligência artificial.
A Coreia do Sul há muito que luta contra a ciberviolência sexual, mas os casos aumentaram 11 vezes este ano em relação a 2018, mostram os números oficiais.
As taxas de acusação, no entanto, continuam sombrias. Desde 2021 até julho deste ano, foram denunciados 793 crimes de deepfake, mas apenas 16 pessoas foram detidas e processadas, segundo dados policiais obtidos por um deputado.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, afirmou na semana passada que a “questão dos deepfakes suscitou uma preocupação generalizada, especialmente entre as mulheres, pois representa um crime grave que mina a harmonia social”.
“Instei os ministérios relevantes a tomarem medidas decisivas”, acrescentou Yoon.
No final de agosto, 84 organizações de mulheres divulgaram uma declaração conjunta em que criticavam “a discriminação estrutural de género", exigindo igualdade.