
Equipas trabalham arduamente para localizar os corpos de reféns mortos
Foto: Mohammed Saber / EPA
O corpo de um suposto refém foi entregue esta quarta-feira à Cruz Vermelha pelo grupo islamita palestiniano Hamas, que tinha anunciado anteriormente a sua descoberta na Faixa de Gaza, afirmou o exército israelita.
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"Segundo informações da Cruz Vermelha, a urna de um refém falecido foi entregue à sua guarda e está a caminho das tropas das Forças de Defesa de Israel (IDF) em Gaza", indicaram os militares israelitas na rede social X.
As Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, tinham indicado num comunicado esta quarta-feira divulgado que o corpo foi encontrado durante escavações no bairro de Shujaiya, a leste da cidade de Gaza.
Esta área faz agora parte da chamada Linha Amarela, zona para a qual as tropas israelitas se retiraram na primeira fase do cessar-fogo em vigor no território desde 10 de outubro.
A entrega desta quarta-feira surge após a devolução, na noite anterior, do corpo de um outro refém, que foi identificado como o israelo-americano Itay Chen.
O protocolo prevê que os islamitas entregam a urna à Cruz Vermelha no enclave palestiniano, que, por sua vez, o faz chegar ao exército israelita.
Por fim, serão realizadas análises forenses no Centro Nacional de Medicina Legal de Israel para determinar se o corpo corresponde a algum dos sete reféns ainda por devolver no âmbito da trégua.
Os sete reféns em questão são cinco cidadãos israelitas, um estudante tanzaniano e um agricultor tailandês raptado perto do "kibutz" (comunidade) Be"eri, nos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que desencadearam a guerra no enclave palestiniano.
Escombros dificultam retirada dos corpos
Desde que o cessar-fogo entrou em vigor, o grupo palestiniano tem relatado dificuldades em localizar os corpos dos reféns que permanecem no território devido à grande quantidade de escombros amontoados por dois anos de conflito e à falta de acesso a maquinaria pesada.
Israel acusa, no entanto, os islamitas de atrasarem deliberadamente a entrega destes corpos para evitar discutir o seu desarmamento, uma questão que deverá ser debatida com os mediadores internacionais quando as negociações para a segunda fase do acordo forem retomadas.
No âmbito do entendimento, foram restituídos 20 reféns vivos e 21 mortos até à entrega de esta quarta-feira, em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos e 285 corpos que estavam em posse de Israel.
A trégua foi ameaçada em 28 de outubro, quando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou o bombardeamento do enclave palestiniano, no seguimento de dois incidentes com o Hamas.
No mesmo dia, Israel acusou o Hamas de abater um militar israelita no sul da Faixa de Gaza, alegação refutada pelo grupo palestiniano, e de entregar restos mortais supostamente de um dos reféns ainda por devolver, mas cujos exames revelaram que pertenciam a um outro já recuperado e sepultado há quase dois anos.
A primeira fase do acordo, impulsionado pelos Estados Unidos com a mediação do Egito, Qatar e Turquia, inclui também a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
