Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de Portugal estão a trabalhar em articulação para retirar cidadãos portugueses, que já foram contactados.
Corpo do artigo
Vários países iniciaram este fim de semana operações de retirada dos seus cidadãos do Sudão, assolado desde 15 de abril pelos confrontos entre as Forças Armadas e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), que disputam a liderança do país. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português anunciou este domingo estar a trabalhar em articulação com o Ministério da Defesa, "com vista à retirada, em segurança, dos cidadãos nacionais que se encontram no Sudão", que já foram contactados, não tendo sido ainda divulgado um plano oficial de evacuação.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Defesa Nacional estão a trabalhar em articulação, juntamente com outros países aliados, com vista à retirada, em segurança, dos cidadãos nacionais que se encontram no Sudão", escreveu o MNE, em nota remetida às redações.
Acrescenta o gabinete do ministro João Gomes Cravinho que "foram já contactados todos os cidadãos nacionais conhecidos no Sudão, e as diferentes situações estão a ser acompanhadas".
Ao que o JN apurou, são pelo menos 16 os portugueses que se encontam no território sudanês, retidos em Cartum. Até hoje ainda nenhum tinha deixado o país, atingido há pouco mais de uma semana pela erupção de confrontos violentos entre as Forças Armadas comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares das RSF, chefiados pelo general Mohamed Hamdan Dagalo.
Os Estados Unidos e o Reino Unido confirmaram este domingo a retirada do seu pessoal diplomático das embaixadas em Cartum, operações dificultadas pelos embates entre as duas forças rivais na capital do país.
O presidente Joe Biden anunciou hoje a suspensão temporária da representação diplomática norte-americana em Cartum. "As partes beligerantes devem implementar um cessar-fogo imediato e incondicional, permitir o acesso humanitário desimpedido e respeitar a vontade do povo do Sudão", apelou ainda Biden, em comunicado citado pela agência Reuters.
Operação conjunta
"As Forças Armadas britânicas procederam a uma operação de retirada complexa e rápida do Sudão de diplomatas britânicos e das suas famílias, num contexto de escalada da violência e de ameaças ao pessoal da embaixada", escreveu o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, no Twitter.
Segundo o secretário britânico da Defesa, Ben Wallace, citado pelo jornal "The Guardian", a operação para retirar funcionários da embaixada em Cartum envolveu mais de 1200 elementos do Exército, da Marinha e da Força Aérea britânicos, numa operação realizada "ao lado dos Estados Unidos, França e outros aliados".
Espanha, Turquia, Itália e Líbia são alguns dos países que também têm em curso operações de repatriamento. De acordo com a Reuters, as duas fações em guerra acusaram-se mutuamente do ataque a um comboio que transportava cidadãos franceses, alegando que um francês ficou ferido.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos 413 civis morreram e 3551 ficaram feridos desde o início do conflito.