Costa pede que se evite paz falsa em Gaza no 80.º aniversário do fim da II Guerra Mundial

António Costa, presidente do Conselho Europeu, nas comemorações do fim da II Guerra Mundial
Foto: Ronald Wittek / EPA
O presidente do Conselho Europeu pediu hoje que não se repita a guerra do Afeganistão, entre os Estados Unidos e os talibãs, ou se aceite uma “paz falsa” na Faixa de Gaza, no conflito entre Israel e Hamas.
“Não podemos repetir o Afeganistão. Não podemos aceitar uma paz falsa em Gaza ou na Ucrânia”, disse António Costa, no dia em que se assinala o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.
Num discurso no Instituto Universitário Europeu, na cidade italiana de Florença, o presidente da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) vincou: “A Europa tem de continuar a apoiar a Ucrânia no sentido de uma paz justa, impressionante e duradoura, tal como estamos a apoiar a solução de dois Estados no Médio Oriente e estamos empenhados no projeto da Liga Árabe para reconstruir Gaza”.
A posição surgiu no dia em que se assinala o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, dado que a 8 de maio de 1945 foi assinada a capitulação incondicional da Alemanha nazi para fim definitivo das hostilidades no continente europeu.
“A paz e a integração europeia caminham lado a lado. Não uma paz fria, não um cessar-fogo, não um ditame, a liberdade que constitui a base da vingança futura. Hoje, essa visão enfrenta os maiores testes de uma geração”, acrescentou António Costa.
E lamentou: “Infelizmente, hoje, não podemos celebrar a paz em paz porque a guerra foi escrita no nosso continente sob a forma da agressão brutal da Rússia contra a Ucrânia”.
“A paz, como vemos agora, nunca é uma condição permanente. Tem de ser continuamente reivindicada, não só com diplomacia, mas também com clareza, resiliência e a força necessária”, argumentou.
Ao vincar que a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, em fevereiro de 2022, “transformou a mentalidade europeia de uma rutura geopolítica para a construção da Europa da defesa”, António Costa admitiu tratar-se de um “teste à identidade da Europa”.
“Temos de nos perguntar que tipo de Europa queremos ser: uma que goza aparentemente dos benefícios da paz do passado ou uma que assume a responsabilidade de construir a paz e emite ameaças reais”, concluiu.
