O presidente do Conselho Europeu, António Costa, apelou esta segunda-feira à retoma do diálogo entre todas as partes para negociar a segunda fase do acordo para Gaza, após um encontro com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.
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“Apelamos a todas as partes para que retomem o diálogo com os mediadores nas negociações da segunda fase do acordo [para a Faixa de Gaza]”, destacou António Costa.
O português divulgou o encontro com Mahmoud Abbas, na véspera da cimeira extraordinária da Liga dos Estados Árabes sobre Gaza, através da rede social X.
“A UE [União Europeia] apoia a Autoridade Palestiniana e a sua agenda de reformas. Ele precisa de desempenhar um papel crucial em Gaza no ‘dia seguinte’”, frisou.
“A UE insta todas as partes a envidarem todos os esforços para manter o acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns. A ajuda humanitária deve ser entregue imediatamente, em segurança e sem impedimentos a Gaza”, acrescentou.
A primeira fase do acordo, com a duração de 42 dias, entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses de uma guerra devastadora em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel e expirou sábado.
As negociações deveriam continuar agora para negociar a segunda fase, que, de acordo com o Hamas, prevê "um cessar-fogo abrangente e permanente" e a "retirada completa" de Israel de Gaza.
Israel, por outro lado, quer que o movimento palestiniano liberte mais reféns como parte de uma extensão da primeira fase, em vez de passar para a segunda.
Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque em Israel, em 7 de outubro de 2023, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o exército israelita.
O Governo de Netanyahu tem dito repetidamente que reserva ao direito de retomar os combates a qualquer momento para destruir o Hamas, se este não depor as armas.
No domingo, Israel disse ter aceitado um compromisso dos Estados Unidos, rejeitado pelo Hamas, que prevê um prolongamento da primeira fase da trégua durante o Ramadão e a Páscoa, até meados de abril.
O plano dos Estados Unidos estipula, segundo Israel, que "metade dos reféns [israelitas em Gaza], mortos e vivos", seriam repatriados no primeiro dia da sua entrada em vigor. Os restantes reféns seriam entregues "no final, se for alcançado um acordo de cessar-fogo permanente".
Perante a rejeição do Hamas, Israel bloqueou no domingo, até novas ordens, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 2,4 milhões de palestinianos estão cercados pelo exército israelita desde outubro de 2023.
Já hoje, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ameaçou o Hamas com consequências que o movimento islamita palestiniano “não pode imaginar” se não libertar os reféns israelitas detidos na Faixa de Gaza.
O movimento islamista palestiniano Hamas acusou, por sua vez, Israel de estar a tentar destruir o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que se encontra atualmente num impasse.