Uma menina de 9 anos da República Democrática do Congo, cujo teste ao ébola deu positivo no Uganda, morreu na madrugada desta sexta-feira. Há perto de três mil infetados, segundo a Organização Mundial de Saúde.
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O corpo da jovem será repatriado, com a mãe, para a República Democrática do Congo (RDCongo) onde se realizará o funeral, segundo Eddy Kasenda, responsável pelo combate à epidemia do ébola na cidade de Kasindi.
"Estamos a concluir as formalidades administrativas para que o corpo seja repatriado e seja enterrado aqui, no [RD]Congo, seu país natal", disse Kasenda, citado pela agência Associated Press.
Caso evidencia o risco de o ébola se espalhar através das fronteiras
O médico acrescentou que os seus serviços estão "a colaborar com os serviços de saúde do vizinho Uganda" e vão "reforçar as medidas sanitárias" em Kasindi.
A menina, que viajou com a mãe, foi isolada após ter sido identificada na quarta-feira como uma possível paciente com ébola.
Embora os casos de contaminação transfronteiriça sejam raros até agora, este caso evidencia o risco de o ébola se espalhar através das fronteiras para os vizinhos Uganda e Ruanda.
As fronteiras da região costumam ser muito frequentadas, e muitas pessoas viajam à noite usando trilhos para atravessar o território para outros países.
Em junho, uma família da RDCongo, com alguns familiares doentes, atravessou para o Uganda por um caminho no mato, e dois morreram mais tarde com ébola e os outros foram transferidos para o país de origem.
"É fundamental que continuemos em alerta em áreas de alto risco e que capacitemos as comunidades para que estejam preparadas para prevenir o vírus", disse a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, após a confirmação do caso de ébola no Uganda.
O Uganda teve vários surtos de ébola e febres hemorrágicas desde 2000.
O ébola matou quase duas mil pessoas no leste da RDCongo desde agosto de 2018. A doença espalha-se através do contacto com os fluidos corporais de uma pessoa infetada.
A OMS disse que já foram registados três mil casos de infetados com o vírus na RDCongo - houve 1893 mortes confirmadas pela doença e cerca de 900 sobreviventes.
Uma média de 80 pessoas por semana são infetadas pelo vírus, a maioria na província de Kivu, no Norte da RDCongo.
O surto de ébola no leste da RDCongo não tem dado sinais de abrandamento, apesar dos novos tratamentos e vacinas administrados a mais de 200 mil pessoas na região e do uso de dois tratamentos terapêuticos, como parte de um ensaio clínico.