Crianças refugiadas cada vez mais longe de se reunirem com as famílias no Reino Unido
O Ministério da Administração Interna do Reino Unido foi acusado de "não tomar quaisquer medidas adequadas" na transferência de menores não acompanhados para junto das suas famílias, antes de as regras de reagrupamento familiar da União Europeia expirarem. O prazo para entrar legalmente e em segurança no país britânico está a apertar com a chegada do Brexit.
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As autoridades francesas informaram várias crianças que a possibilidade de se reunirem com as suas famílias no Reino Unido está a ficar mais distante, uma vez que o Ministério da Administração Interna falhou com a sua palavra e não ofereceu a ajuda prometida antes do final do ano. "Estou absolutamente comprometido em garantir que este país continue a receber crianças desacompanhadas" após a saída da UE, afirmou há um ano Boris Johnson, cita a BBC News. Na altura, o Ministério garantiu às próprias instituições de apoio a migantes que iria reunir as famílias que se inscrevessem até 31 de dezembro.
Os refugiados em campos de concentração na Grécia também podem ser afetados e privados da reunião familiar, sendo assim forçados a arriscar viagens perigosas até ao Reino Unido.
Estes menores viram as promessas a serem rompidas e a esperança a desaparecer. "É devastador que crianças desesperadas por se reunirem com a sua família tenham sido afastadas devido à inação do governo e a um fracasso na cooperação internacional", realça Beth Gardiner-Smith, diretora executiva da organização não-governamental Safe Passage Internacional.
A instituição revelou que tem conhecimento, até ao momento, de duas famílias que já foram impedidas de solicitar a união familiar e que 20 crianças e cinco famílias não irão viajar para o país, se a situação não se alterar. No norte de França e em Paris estão 16 crianças desacompanhadas do Afeganistão que esperam voltar a encontrar-se com os seus familiares. A Safe Passage apelou ao governo britânico para cooperar com a França e a União Europeia, tomando as medidas necessárias para ajudar estas famílias.
Segundo o Ministério da Administração Interna estas acusações são imprecisas, visto que que o departamento continua a processar todos os casos pedidos. "Estamos empenhados em continuar a processar todos os casos de reagrupamento familiar, de acordo com o regulamento de Dublin, que entraram no sistema antes do final do período de transição", assegura um porta-voz do ministério.
"Temos de ajudar mais pessoas diretamente das regiões afetadas e é exatamente isso que estamos a planear com o nosso novo sistema de asilo, que acolherá pessoas através de rotas seguras e legais", acrescenta.