Em Pontedeume, na Corunha, 25 famílias integram um projeto pioneiro que promove a não utilização dos telemóveis por crianças com menos de 14 anos. O programa “Infância sem telas”
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A iniciativa, desenvolvida pelo centro MFL Psicologia, da Corunha, conta com o apoio da câmara municipal local e a ideia é que as crianças se mantenham afastadas dos telemóveis até aos 14 anos, sendo recomendado que o período se prolongue até aos 16.
“Achamos tão interessante que propusemos, através da Câmara Municipal, abrir o projeto a toda a comunidade educativa, visto que com a participação de apenas uma escola era mais difícil chegar a um acordo”, explicou Nuria Paz, presidente da associação de pais.
O objetivo é depois alargar a iniciativa a várias escolas da Corunha. “Não é uma decisão familiar, é um ato de responsabilidade social e um passo firme para a proteção das crianças e adolescentes. Quando as famílias se juntam, sentem-se mais seguras e mais fortes”, garantem as responsáveis da iniciativa, Marta de la Fuente e Alinhoa Otero.
O projeto foi iniciado por um workshop em que uma psicóloga alertou para a gravidade das consequências do acesso descontrolado dos telemóveis e forneceu aos pais dicas para lidarem com as crianças ao longo de todo o processo. “Não se trata de proibir, mas de acompanhar. Trata-se de não deixar as crianças sozinhas perante esta ferramenta poderosa que exige maturidade e orientação”, revelou um dos progenitores presentes na sessão.
Esta quinta-feira, mais dois workshops decorreram, um para crianças entre os oito e os dez anos, e outro destinado aos jovens entre os dez e os doze anos, em que Alinhoa Otero, uma das coordenadoras, lhes explicou os efeitos negativos da utilização descontrolada dos telemóveis. Nuria Paz reforça a importância de todos cumprirem a sua parte, tantos os pais, evitando utilizar o telemóvel de forma sistemática em frente aos filhos, como o município, ao organizar mais atividades de lazer.
Segundo alguns dados do centro MFL Psicologia, quatro em cada dez crianças manifestam problemas de saúde mental, muitas vezes causados pelo uso excessivo do telemóvel. Por esse motivo, o programa “Infância sem ecrãs” está em vias de desenvolver outra iniciativa designada “Disconnect” destinada a jovens já viciados no uso do telefone.