Os crimes de ódio contra muçulmanos aumentaram 300% no Reino Unido na semana que se seguiu aos atentados de 13 de novembro em Paris, registando-se pelo menos 115 ataques.
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Uma "ampla e imensa maioria" dos ataques foram contra mulheres e raparigas muçulmanas, entre os 14 e os 45 anos, que se vestiam de acordo com a tradição islâmica, segundo um relatório do grupo de trabalho interministerial citado pelo diário "The Independent".
Os autores dos ataques - em grande parte ocorridos em locais públicos, como autocarros e comboios - foram maioritariamente homens brancos entre os 15 e os 35 anos, indica o relatório, admitindo que o número real de ataques seja superior ao denunciado.
O documento baseia-se em dados compilados pela linha telefónica de ajuda "Tell Mama", dirigida às vítimas de ataques verbais ou físicos contra muçulmanos ou mesquitas.
"Muitas das vítimas disseram que ninguém as ajudou ou sequer consolou, o que significa que se sentiram vitimizadas, envergonhadas, sozinhas e zangadas com o que lhes tinha acontecido", escreve o jornal.
Citando ainda o relatório, acrescenta que "16 vítimas referiram até que receiam sair no futuro e que a experiência afetou a sua confiança".
O aumento de ataques é semelhante ao registado em 2013 após o assassínio do soldado Lee Rigby no sul de Londres.
Números da polícia indicam, por seu lado, um aumento importante de incidentes antes dos ataques de Paris. Entre junho e julho de 2015, os crimes de ódio antissemitas subiram 70,7% e os antimuçulmanos 93,4%.
Ao todo, 816 incidentes islamofóbicos foram registados na Grande Londres entre julho de 2014 e julho de 2015, comparados com 478 no período homólogo anterior. Contra judeus, registaram-se 499 no mesmo período, quase o dobro dos 258 dos ocorridos no período homólogo anterior.
O Reino Unido tem 2,7 milhões de residentes muçulmanos e 263 mil judeus, segundo os censos de 2011.