A guerra na Ucrânia está a servir de inspiração para várias burlas. Os criminosos tentam aproveitar a onda solidária que se gerou para convencer as vítimas a enviar-lhes dinheiro.
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As crises humanitárias costumam despertar o que de melhor há nas pessoas. Porém, também costumam ser terreno fértil para os malfeitores. As organizações internacionais já alertaram para a existência de várias burlas e falsas campanhas solidárias em favor dos ucranianos. São crimes com duas vítimas: aqueles que são burlados e aqueles que ficam sem ajuda.
Os esquemas já detetados dividem-se em dois tipos: falsas instituições solidárias e alegadas vítimas de guerra ou "empresários" ucranianos. No primeiro caso, os burlões apresentam-se através de mensagens de texto ou de emails como sendo uma organização humanitária que está na Ucrânia a ajudar as vítimas do conflito.
Já há casos de páginas nas redes sociais a fazerem-se passar pelo Governo Ucraniano e a pedir ajuda. Normalmente, os apelos incluem um "link" para concretizar as doações que, depois, nunca hão-de chegar ao terreno.
Variação do Príncipe da Nigéria
Os criminosos também se fazem passar por empresários afetados pela guerra. Numa variação de esquemas clássicos, como o do "Príncipe da Nigéria", dizem que são milionários ucranianos que precisam rapidamente de tirar dinheiro do país.
O suposto empresário pede para que a vítima aceite receber o dinheiro dele na sua conta e, depois, transferi-lo para outra. Explica que será apenas por alguns momentos e que até lhe dará uma recompensa. Para isso só precisa dos seus dados e da conta. Na realidade, o "empresário" apenas quer obter as informações bancárias da vítima para depois aceder à sua conta e esvaziá-la.
Apelos emotivos de alegadas vítimas da guerra
Por fim, os burlões também enviam mensagens ou fazem publicações nas redes sociais fazendo-se passar por vítimas da guerra e refugiados. Dizem que ficaram sem nada, que perderam o marido ou que estão a passar fome. Pedem ajuda urgente para fugir, comprar comida ou até enterrar um familiar.
São apelos sentimentais e muito emotivos, pensados para obter o maior grau possível de empatia e gerar uma resposta imediata. Explicam que os bancos estão todos fechados e que só podem receber dinheiro em criptomoedas ou através de cartões de oferta virtuais, meios de pagamento que permitem o anonimato ao destinatário que, afinal, é um burlão.
Tiram dinheiro às vítimas e a quem precisa de ajuda
Ao usar catástrofes humanitárias como a que se vive na Ucrânia, os burlões não só estão a tirar o dinheiro da vítima como também estão a impedir que ele chegue a quem precisa mesmo de ajuda.
As várias organizações humanitárias frisam que a melhor maneira de não ser enganado é não cair em precipitações. Toda a ajuda é pouca, por isso não custa nada perder um pouco de tempo para se ter a certeza de que o dinheiro irá, efetivamente, para quem dele necessita.
Seguem-se alguns conselhos para evitar ser enganado:
- Não faça uma doação logo após ser exposto a um pedido de ajuda. Os burlões apelam à urgência para que as vítimas não tenham tempo para pensar.
- Pesquise pela instituição em causa e veja se é fidedigna. Tente encontrar notícias positivas ou negativas.
- Nunca use o "link" indicado numa mensagem escrita ou num email de um desconhecido. Costumam ser estratagemas para instalar software malicioso ou ligações para sites "clonado".
- Insira manualmente o endereço da instituição ou procure-o através de um motor de busca como o Google para evitar ser conduzido a sites falsos ou "clonados".
- Não faça pagamentos em criptomoedas ou cartões de oferta virtuais. Nunca envie diretamente dinheiro a pessoas que dizem precisar da sua ajuda.
- Privilegie instituições solidárias conhecidas, com historial de boas ações no terreno e que tenham presença ou parceiros na Ucrânia.