O Parlamento da Croácia rejeitou esta sexta-feira uma proposta do Governo para que o país ajudasse a treinar soldados ucranianos como parte de uma missão da União Europeia (UE).
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A proposta foi levada ao plenário e votada depois de o Presidente da Croácia, Zoran Milanovic, se ter recusado a aprová-la, dizendo que esta não estava em conformidade com a Constituição do país.
Zoran Milanovic tem sido um crítico assumido das políticas ocidentais em relação a Kiev e defende que a Croácia deve prestar apenas ajuda humanitária à Ucrânia face à invasão da Rússia.
A Missão de Assistência Militar da União Europeia à Ucrânia (EUMAM Ucrânia) foi estabelecida em outubro com o objetivo de reforçar a capacidade militar das forças ucranianas para enfrentarem a agressão militar russa.
A EUMAM Ucrânia tem um mandato não executivo de dois anos para dar formação individual, coletiva e especializada a até 15.000 efetivos das Forças Armadas ucranianas em vários locais do território dos Estados-membros da UE.
A Croácia deveria acolher cerca de 100 soldados ucranianos no país, e estava previsto que cerca de 80 instrutores croatas viajassem para o estrangeiro para ajudar a treinar ucranianos noutros países da UE.
"É uma escolha entre a Ucrânia e (o Presidente russo Vladimir) Putin", disse o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, antes da votação parlamentar, sublinhando que "a Croácia é membro da NATO e da UE, não é neutra ou não alinhada".
Mas o Governo precisava de uma maioria de dois terços no parlamento para que tal decisão fosse aprovada, e não a conseguiu, já que só 97 dos 151 deputados apoiaram - menos quatro do que o necessário.
O resultado da votação é reflexo de disputas políticas internas, entre o primeiro-ministro Plenkovic e o Presidente Milanovic, que se confrontam em vários assuntos.
A Rússia lançou uma ofensiva militar a 24 de fevereiro na Ucrânia, que ainda perdura, e que foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com ajuda militar, financeira e humanitária a Kiev e a imposição a Moscovo de sanções políticas e económicas sem precedentes.
A ofensiva russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).