
Várias cerimónias evocativas do ataque realizaram-se esta sexta-feira em Halle
Ronny Hartmann / AFP
Cruzes suásticas foram pintadas sobre uma série de grafitis em memória das vítimas do atentado frustrado contra uma sinagoga de Halle, leste da Alemanha, na madrugada desta sexta-feira, dia em que se assinala um ano sobre o ataque.
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Os grafitis foram pintados em vários locais da cidade com os nomes das vítimas mortais do ataque, Jana e Kevin, e a inscrição "Nunca esquecer" por iniciativa de simpatizantes do movimento de extrema-esquerda "Antifa Halle", segundo o jornal Bild.
Na noite de quinta-feira para sexta-feira, cruzes suásticas, principal símbolo do regime nazi de Adolf Hitler, foram pintadas sobre vários desses grafitis.
A polícia de Halle anunciou a abertura de uma investigação e as suásticas, proibidas, já começaram a ser apagadas, segundo fonte policial citada pela agência France-Presse.
Várias cerimónias evocativas do ataque realizaram-se esta sexta-feira em Halle, uma das quais com a presença do presidente da República, Frank-Walter Steinmeier, que disse sentir "vergonha e ira" quando se recorda daquele "pesadelo".
"Aqueles que disseminam o ódio entre seres humanos e levam a divisões na nossa sociedade ao falarem de 'eles' e 'nós' preparam o terreno para a violência", disse Steinmeier.
"Devemos traçar uma linha vermelha bastante mais clara a este respeito: não vamos tolerar qualquer hostilidade entre seres humanos no nosso país, não por palavras e muito menos por atos", acrescentou.
O Presidente alemão condenou também o recente ataque antissemita contra um estudante judeu, na semana passada em Hamburgo (norte).
O presumível autor deste ataque, vestido com um uniforme militar e com uma cruz suástica no bolso, foi detido.
O ataque de Halle, a 9 de outubro de 2019, visou uma sinagoga e foi perpetrado por um extremista de direita alemão, Stephan Balliet, de 29 anos, atualmente em julgamento.
Balliet tentou entrar à força no templo judaico quando se celebrava o Yom Kippur, o principal feriado judaico. Não conseguindo arrombar a porta, matou uma transeunte e, pouco depois, um jovem que estava num café.
"O assassino de Halle agiu provavelmente sozinho, mas não está sozinho com o seu ódio", disse Steinmeier, defendendo que reduzir este tipo de agressões a ataques isolados "minimiza o ambiente em que [os seus autores] se radicalizam".
"Eles estão integrados em redes, virtuais e reais. Têm apoiantes, virtuais e reais. Refiro-me também àqueles que provocam um clima de ódio com as palavras", disse.
As autoridades alemãs têm-se alarmado nos últimos anos com a ressurgência do antissemitismo no país.
O número de crimes e delitos de natureza antissemita ou islamofóbica, na grande maioria cometidos por simpatizantes da extrema-direita, voltaram a aumentar em 2019, segundo dados oficiais divulgados em maio.
Nesse ano, as autoridades contabilizaram mais de 2.000 insultos e ataques a judeus, um aumento de 13% em relação a 2018.
