O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto celebra-se esta sexta-feira. Num ambiente de crispação política entre diferentes nações, uma sobrevivente alerta para os erros do passado.
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"Devemos ter muito cuidado com a propaganda do ódio", explica com clareza, à "BBC", Susan Pollack, uma sobrevivente de Auschwitz, o campo de concentração Nazi, que durante a segunda guerra mundial provocou a morte de milhares de prisioneiros, na Polónia, a maioria Judeus.
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"Tudo começa com uma pequena corrente, mas depois tem o poder de irromper sendo impossível de parar", explica a mulher de origem húngara, que refere: "Não estamos a falar de bárbaros, nem de sociedades primitivas. Os alemães eram muito avançados e educados".
Seis dias de viagem até ao campo fatal
A história de Susan Pollack é mais uma recordação do terror que os prisioneiros de Auschwitz experimentaram. O campo de concentração situado a poucos quilómetros de Cracóvia foi libertado pelo exército Soviético, no dia 27 de janeiro de 1945. A ONU dedica esta dia à Memória das Vítimas do Holocausto, com uma celebração anual.
Com apenas 13 anos, Susan, que agora vive em Londres, foi retirada da sua casa, juntamente com a família, numa região rural da Hungria, com a promessa de que seria recolocada.
Numa viagem que durou cerca de seis dias, foi transportada em comboios, e assistiu a várias mortes provocadas pelo frio extremo que se faz sentir naquela zona. "Estava escuro e quase não havia espaço para nos sentarmos. Havia muita gente a chorar, muitas crianças. Assim que as portas se fecharam, soubemos que não íamos ser recolocados, mas estávamos longe de saber para onde nos levavam", explica Susan.
Quando chegaram a Auschwitz o cenário era desolador. Os prisioneiros que já lá estavam, a viver em condições deploráveis, aconselharam-na a dizer que tinha 15 anos. A mentira ajudou-a a sobreviver, mas no mesmo instante viu a própria mãe ser enviada para uma câmara de gás, utilizada para matar as pessoas que não serviam para trabalhar.
"Não houve abraços, nem beijos. A minha mãe foi puxada com outras mulheres e crianças. A desumanização começou nesse momento. Nem sequer chorei, foi como se tivesse perdido todas as minhas emoções", confessa a mulher, que tem agora 84 anos.