
Eloy Alonso/REUTERS
Patricia e Andrés, os dois lados em jogo no 26J, a sigla por que fica conhecido o domingo de eleições gerais em Espanha. O PP volta a vencer, sem maioria, dizem as primeiras projeções.
Este domingo Patricia Gaspar acordou às três horas da manhã para ter tempo de chegar ao aeroporto de Roma, procedente de Remini, a cidade costeira italiana onde vive com o namorado. Às 9.30 horas embarcou rumo a Sevilha, para depois seguir de autocarro em direção à Extremadura. Um longo périplo com um único objetivo: votar na coligação Unidos Podemos.
Assim que chegou à pequena vila de Alcuéscar, onde vivem os pais, a primeira coisa que fez foi dirigir-se à mesa de voto. Depois, "devido ao nervosismo", nem conseguiu dormir a sesta, conta ao JN.
Aos 30 anos, esta é apenas a segunda vez que Patrícia vota. Licenciada em História, sempre se sentiu mais próxima do anarquismo e durante muito tempo não encarou o voto como uma opção. Mas, desta vez, tem a sensação de que "se vive um momento especial" e fez questão de participar. A chave: "uma esquerda que foi capaz de entender a necessidade de se unir e lutar em conjunto". Foi isso que a motivou a rumar a Espanha de propósito para participar neste 26J (sigla por que fica doravante conhecido este domingo de votação, contra o 20D, de 20 de dezembro de 2015), apesar de, ainda assim, considerar o discurso do Unidos Podemos como "bastante moderado".
Opinião contrária tem Andrés Sanz, para quem o discurso da coligação de Pablo Iglesias e Alberto Garzón é "muito radical". Habitual votante do PP, nas eleições de dezembro optou por confiar no Ciudadanos como forma de castigar o partido de Mariano Rajoy pelos "vários escândalos de corrupção" que afloraram nos últimos anos no seio do partido de Governo. Seis meses depois, admite ao JN que voltou à casa-mãe e este domingo depositou novamente a "papeleta" do PP na urna.
"É o voto útil", garante. "Embora tenha uma mensagem de regeneração democrática, o Ciudadanos contribuiu para dividir a direita", lamenta este professor do ensino secundário no bairro de Ciudad Lineal, em Madrid. Desta vez, o crescimento do Unidos Podemos fez Andrés voltar às origens. "É a única forma de evitar que Pablo Iglesias se torne presidente".
