Carla Rolo, ou Asmâa Solyman, converteu-se ao Islão em 2008, por amor à religião e ao marido. Nasceu há 45 anos em Moçambique e chegou a Portugal após o 25 de Abril. Poderia ter tido uma vida como tantas (portuguesas), na margem Sul do Tejo, casada, empresária de espectáculos, com três filhos e com a habitual formação católica. Mas não.
Corpo do artigo
Separou-se do marido e em 2008 foi para o Cairo para se apaixonar por Younes Solyman, um egípcio uns anos mais novo que veio para Portugal há um ano e meio como técnico de electricidade. Lá, tinha um bar de praia junto à fronteira com a Palestina, na cidade de Al Arish.
Um dos seus amigos muçulmanos em Portugal tinha o sonho de a ver convertida. O que veio a acontecer ainda antes de se casar com Younes. Recusa a ideia de que se converteu por causa do marido, mas antes "por opção, porque hoje tem uma paz interior que antes não tinha". Foi, admite, "ter visto e sentido a paz que as pessoas tinham na vida delas, enquanto esteve no Egipto, que a fez converter".
Conheceu-o num café e passado pouco tempo casou, após um namoro onde apenas é permitido dar a mão. São costumes que não a incomodam. "O papel das mulheres no Islão - frisa - não é de coitadinhas". São respeitadas pelos maridos que as veneram, que as tratam como verdadeiras rainhas. Se a maioria das mulheres soubessem...", deixa no ar.
Por cá, a vida não ficou fácil para Carla Rolo. Enquanto a família de Younes Solyman "a aceitou sem reservas e a adoram", o mesmo não aconteceu em Portugal. Com a excepção da mãe de Carla, com quem vive, ninguém da sua família sabe da conversão ao Islão. A mãe sente-se traída, mas "lentamente vai apercebendo-se que a filha mudou para melhor".
Carla usa o "hijab" (véu islâmico) quando vai à mesquita ou a casa de muçulmanos amigos, mas no trabalho dispensa-o porque sabe "que é motivo de discriminação".
Não tem experiências vividas como muçulmana antes do dia 11 de Setembro de 2001, mas considera que "nós, os verdadeiros muçulmanos criticamos quem se diz muçulmano e comete crimes em nome de Allah". Todavia acrescenta que "os cristãos também cometem crimes e ninguém os marginaliza porque são cristãos". Exemplo disso, conclui, "foi o recente atentado na Noruega".
Carla Rolo prescindiu do dote habitual a que a família do noivo está obrigada, mas respeita todas práticas como muçulmana que hoje se sente.