O presidente interino entre políticos que recebiam dinheiro, segundo revelação de delator na investigação Lava Jato. Eduardo Cunha também pode abrir a boca.
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O presidente interino do Brasil, Michel Temer, é um dos 20 políticos denunciados pelo ex-presidente da Transpetro - subsidiária da Petrobras investigada no escândalo de corrupção Lava Jato - Sérgio Machado, cuja colaboração com a Justiça lhe garantiu que não será condenado a mais de 20 anos e que poderá cumprir a pena em casa.
A revelação do depoimento, que está a fazer tremer a cúpula do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do poderoso Eduardo Cunha - ele próprio cercado pela Justiça e que poderá também chegar a acordo para denunciar implicados -, coloca Temer no centro das denúncias.
Segundo os jornais "Estado de S. Paulo" e "Folha de S. Paulo", Michel Temer pediu a Sérgio Machado, que chegou à presidência da Transpetro com o apoio do PMDB - o partido que mais beneficiou do esquema de corrupção -, financiamento para a campanha do candidato a prefeito de S. Paulo em 2012. O apoio teria sido garantido por uma contratada da transportadora da Petrobras, mas Temer já negou.
A lista entregue pelo delator inclui "caciques do PMDB", na expressão da "Folha", como o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Romero Jucá e o antigo presidente da República José Sarney, mas também implica elementos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Democratas (DEM) e Partido dos Trabalhadores (PT). Nove empresas fariam doações regulares aos políticos.
Outro quebra-cabeças para a cúpula do PMDB é a degradação da situação do presidente da Câmara dos Deputados afastado em 5 de maio, Eduardo Cunha, que o "Estado de S. Paulo" diz estar a ponderar fazer um acordo para revelações à investigação Lava Jato.
A possibilidade, confirmada por um seu assessor jurídico, deve-se ao facto de Cunha estar cercado. Além de o Banco Central do Brasil o multar por ocultação de depósitos bancários na Suíça, um juiz de Curitiba determinou o congelamento dos seus bens e da sua família e a Comissão de Ética aprovou o relatório para retirar-lhe o mandato de deputado.
"Acuado, Cunha pode fazer delação premiada" (acordo redução de pena se colaborar com a justiça), titulou o "Estado de S. Paulo". Se abrir a boca, muitas cabeças estão em risco, observou o sitio "Brasil 247", notando que Cunha "só tem uma saída": denunciar os 150 deputados que comprou para ganhar a presidência da Câmara.