Os 72 deputados independentistas no parlamento catalão assinaram, esta terça-feira, um documento no qual se "constitui a República da Catalunha" como "Estado independente e soberano", após desânimo nas bases com o discurso do presidente da Generalitat.
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Numa declaração hoje no parlamento regional, em Barcelona, o presidente do Governo catalão disse que assume o "mandato do povo" para que a Catalunhaseja um "Estado independente", sem declarar explicitamente a independência da região, mas propondo a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.
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O discurso foi recebido com desânimo pelo partido que é o principal aliado do governo regional, ao suportar a maioria parlamentar: a CUP (Candidatura de Unidade Popular, extrema-esquerda).
A CUP disse que a declaração de Puigdemont constituiu uma oportunidade perdida e que não se pode suspender os efeitos do referendo pela independência de 01 de outubro, que deu a vitória ao "sim" mas que tinha sido considerado ilegal pela justiça espanhola. Alguns militantes da CUP acusaram mesmo Puigdemont de "traição inadmissível".
Outros aliados do governo regional, como a Esquerra Republicana Catalana (ERC), também consideraram que a declaração de Puigdemont não constituía uma autêntica declaração de independência, pelo que promoveram um documento por escrito que o deixasse mais claro.
Intitulado "Declaração dos Representantes da Catalunha", o documento de pouco mais de três páginas indica que a "Catalunha restaura hoje a sua plena soberania, perdida e largamente sonhada, depois de décadas a tentar honestamente e lealmente a convivência institucional com os povos da península ibérica".
"Constituímos a república catalã como Estado independente e soberano, de direito, democrático e social", salienta a declaração, que não refere grupos parlamentares nem tem o timbre ou cabeçalho do parlamento regional.
Os signatários também incluíram na declaração um apelo "aos Estados e às organizações internacionais para que reconheçam a República catalã como Estado independente e soberano".
O jornal El Mundo, de Madrid, refere que o documento - cuja leitura à margem do plenário e já após o fim da sessão foi aplaudida pelos deputados independentistas - carece de valor legal.