Dezenas de deputados iludiram, esta terça-feira, um bloqueio das forças de segurança e caminharam a pé vários quilómetros até chegarem ao Aeroporto de Maiquetía (a norte de Caracas) onde esperam a chegada do líder opositor Juan Guaidó.
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A oposição venezuelana denunciou que funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) retiveram e levaram as carrinhas em que se dirigiam ao aeroporto, já à chegada ao Estado de La Guaira, a escassos quilómetros do aeroporto.
Por outro lado, denunciaram também que estão a ser realizados, de maneira supressiva, trabalhos de reparação em um dos túneis a autoestrada que liga Caracas a Maiquetia, provocando congestionamento de trânsito.
"Atenção, o regime de (Nicolás) Maduro, gera bloqueios na via ao Aeroporto Internacional de Maiquetia para impedir que o Corpo Diplomático acuda a receber o presidente (do parlamento) Juan Guaidó", lê-se numa das mensagens divulgadas pelo Centro de Comunicação Nacional, criado pelo parlamento, instituição em que a oposição é maioritária.
Numa outra mensagem, acompanhada por um vídeo, é possível ver os deputados iludindo as forças de segurança e caminhando a pé em direção ao aeroporto.
"Hoje decidimos suspender a sessão (parlamentar) e viemos ao aeroporto para mostrar solidariedade não apenas com Juan Guaidó, mas também com o povo da Venezuela", disse aos jornalistas o vice-presidente do parlamento, o opositor Juan Pablo Guanipa.
O deputado Alexis Paparoni disse aos jornalistas que "é importante que o mundo saiba que Juan Guaidó regressa ao país" e sublinhou que nenhuma barreira impedirá os venezuelanos de lutarem por um novo governo.
"Aqui estamos, os deputados que representam a dignidade, continuaremos a lutar até conseguir o objetivo", acrescentou.
Através das redes sociais vários deputados escreveram mensagens em que dizem que não desistirão e que continuarão em frente, comprometidos com a Venezuela e com Juan Guaidó.
O líder da oposição e presidente do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, é esperado hoje na Venezuela, depois de realizar um périplo, iniciado a 19 de janeiro, por Bogotá (Colômbia) e que o levou também a Inglaterra, Suíça, Espanha, Canadá, França e os EUA, onde se reuniu com diferentes governantes e inclusive com o Presidente norte-americano Donald Trump, respetivamente.
Hoje, num vídeo distribuído em Caracas, o líder opositor anunciou que regressaria em breve ao país e apelou aos venezuelanos a reativarem as mobilizações populares para derrotarem o Governo do Presidente Nicolás Maduro.
"Regresso à minha pátria com afetos, com o compromisso dos nossos aliados, com ações e medidas que serão executadas e com o apelo ao nosso povo para reativar a luta e a mobilização popular", afirmou Juan Guaidó.
O dirigente da oposição salientou que ainda que durante o périplo testemunhou "fatores, governos e instituições de diferentes estilos, que estão unidos por um compromisso, por uma causa justa: pela Venezuela, pela liberdade".
"Internamente devemos conseguir também isso (compromisso), trabalhar com uma rota clara para derrotar a ditadura, mas, para que isso aconteça, os venezuelanos, dentro e fora do país, devem reativar as mobilizações e fazer-nos sentir com força", defendeu.
Segundo Juan Guaidó, "a ditadura é um perigo para todos no planeta" e é por isso que os seus aliados estão na disposição de aumentar a pressão até ao nível máximo que seja necessário.
A crise venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o líder opositor e presidente do parlamento, Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino da Venezuela até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.
Os EUA foram o primeiro de mais de 50 países que manifestaram apoio a Juan Guaidó, entre eles Portugal, uma posição tomada no âmbito da União Europeia.