Um homem começou a ser julgado, nesta segunda-feira, no sul de França, acusado do homicídio da mulher, num caso que cativou o país desde o desaparecimento no auge da pandemia de covid-19, em dezembro de 2020.
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Cedric Jubillar, 38 anos, negou ter feito algum mal à sua mulher, Delphine, uma enfermeira, cujo corpo nunca foi encontrado, num mistério que foi acompanhado com grande intensidade pelos meios de comunicação social franceses, durante quase cinco anos. O julgamento, que deverá durar quatro semanas, teve início perante uma forte presença de jornalistas, com o arguido presente no banco dos réus vestido com um fato de treino e calças de ganga.
"Há todos os ingredientes para que este caso interesse a toda a gente", disse Alexandre Martin, um dos dois advogados de Cedric Jubillar, referindo-se a "uma enfermeira que desaparece no meio da crise da covid... o mistério, a ausência de um corpo".
Para os familiares de Delphine, o julgamento está a gerar "muita apreensão", disse Mourad Battikh, que representa cinco parentes da enfermeira. O advogado espera que o julgamento "permita que surja algum tipo de verdade ou, pelo menos, que o arguido seja levado aos seus limites perante as suas contradições".
Construir uma história
Jubillar, pintor e estucador detido desde 2021, é acusado de ter assassinado a mulher e mãe dos seus dois filhos, na cidade de Cagnac-les-Mines, porque não tolerava que ela o deixasse por outro homem. Durante todo o processo, negou ter matado Delphine, tendo os seus advogados denunciado uma "investigação preconceituosa".
Os juízes de instrução mandaram Jubillar a julgamento, sustentando que Delphine Jubillar tinha sido morta durante uma dicussão com o marido.
Um par de óculos de Delphine foi encontrado partido e o testemunho do filho mais novo do casal, bem como os gritos ouvidos pelos vizinhos, mostraram que houve uma discussão, afirmaram.
O comportamento de Cedric Jubillar reforçou as suspeitas dos investigadores - quase não participou nas buscas pela mulher desaparecida e fez comentários ameaçadores perante testemunhas sobre o que poderia fazer à mulher se ela o deixasse. Mas os investigadores não encontraram provas do homicídio em si, nem vestígios de sangue, nem local do crime, nem corpo.
"A acusação está a tentar construir uma história, criar um motivo, uma personagem que se encaixe nas ações de que é acusado", disse Martin, denunciando a "falta de provas" no caso.