Um fresco de um salão de banquetes com paredes pretas decorado com cenas da mitologia grega, onde os antigos romanos festejavam à luz de velas, foi descoberto em Pompeia, informou o parque arqueológico na quinta-feira.
Corpo do artigo
Os frescos excecionalmente bem preservados mostram o deus Apolo a tentar seduzir a sacerdotisa troiana Cassandra, e Helena de Tróia encontrando Páris, um encontro que levaria à guerra.
“Os casais míticos foram pontos de partida para falar sobre o passado e a vida”, disse o diretor de Pompeia, Gabriel Zuchtreigel, em comunicado. “As paredes eram pretas para evitar que o fumo das lâmpadas nas paredes fosse vista. Eles reuniam-se aqui para festejar depois do pôr do sol, a luz bruxuleante das lâmpadas fazia com que as imagens aparentassem ter movimento, especialmente depois de algumas taças de bom vinho da Campânia”, acrescentou Zuchtreigel, referindo-se à região do sul da Itália. “A presença frequente de figuras mitológicas em frescos nas salas de receção das casas romanas tinha precisamente a função social de entreter convidados, proporcionando temas de conversa e reflexão sobre o sentido da existência”.
O local, com piso de mosaico branco quase intacto, foi descoberto durante uma escavação que também revelou uma padaria, uma lavandaria e casas com salas de estar decoradas com frescos.
O salão de banquetes, que mede cerca de 15 metros por seis metros, abre-se para um pátio que parece ser um corredor de serviço ao ar livre, com uma longa escadaria que conduz ao primeiro andar. Uma vasta pilha de materiais de construção foi encontrada sob os arcos da escada.
“Pompeia é verdadeiramente um baú de tesouro que nunca deixa de nos surpreender porque, cada vez que escavamos, encontramos algo bonito e significativo”, disse o ministro da Cultura, Gennaro Sanguiliano.
Pompeia foi devastada quando o Monte Vesúvio entrou em erupção há quase dois mil anos, em 79 DC. As cinzas e as rochas ajudaram a preservar muitos edifícios quase no seu estado original, bem como a formar formas misteriosas em torno dos cadáveres das vítimas do desastre, que se estima serem cerca de três mil.
A cidade é hoje Património Mundial da UNESCO e o segundo local turístico mais visitado de Itália, depois do Coliseu de Roma. Os arqueólogos estimam que 15% a 20% da população de Pompeia morreu na erupção, principalmente devido ao choque térmico, quando uma nuvem gigante de gases e cinzas cobriu a cidade.