A desflorestação atingiu 8,1 milhões de hectares em todo o mundo em 2024, de acordo com um relatório divulgado esta terça-feira, a menos de um mês da Conferência do Clima em Belém, no Brasil.
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O documento observa que os líderes mundiais não estão a cumprir as metas de redução da desflorestação, cujo objetivo final é atingir a desflorestação zero e restaurar 350 milhões de hectares de terras degradadas até 2030.
Os dados são recolhidos pela Forest Declaration Assessment Partners, uma iniciativa independente e colaborativa liderada por uma coligação de organizações da sociedade civil (incluindo a Aliança pela Ação Climática Brasil) e investigadores, que realiza análises anuais desde 2015.
Entre 2018 e 2020, a desflorestação global média anual atingiu os 8,3 milhões de hectares. "Esta é a nossa linha de base", disse Erin Matson, principal autora da Forest 2025 Declaration Assessment, no lançamento do relatório.
"Para atingir a desflorestação zero até 2030, precisaríamos de reduzir a desflorestação em 10% a cada ano", disse Matson.
No entanto, em 2024, foram desflorestados 8,1 milhões de hectares em todo o mundo, um desvio de 63% da meta de desflorestação zero. Isto significa que foram perdidos 3,1 milhões de hectares de floresta a mais do que o esperado.
"Todos os anos, o fosso entre os compromissos e a realidade aumenta, com impactos devastadores nas pessoas, no clima e nas nossas economias. As florestas são infraestruturas essenciais para um planeta habitável. A falha em protegê-las continuamente coloca a nossa prosperidade coletiva em risco", afirma Matson.
Em 2024, perderam-se aproximadamente 6,73 milhões de hectares de florestas tropicais remotas, principalmente devido aos incêndios devastadores que devastaram a América Latina, a Ásia, a África e a Oceânia.
No total, os compromissos globais ficaram 190% aquém das metas para proteger estas florestas ricas em carbono, cuja perda libertou 3,1 mil milhões de toneladas métricas de gases com efeito de estufa para a atmosfera - quase 150% das emissões anuais do setor energético dos EUA.
A degradação florestal associada aos incêndios foi "particularmente alarmante" nos oito países da região da Amazónia: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
As emissões associadas a estes incêndios atingiram 791 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono, sete vezes a média dos dois anos anteriores e mais do que o total de emissões de um país industrializado como a Alemanha.
A extração de madeira, a construção de estradas e a extração de lenha também danificam as florestas, levando a uma deterioração gradual que gera impactos significativos, como as emissões de carbono.
O relatório observa ainda que estão em curso iniciativas ativas de restauro em pelo menos 10,6 milhões de hectares de terras desmatadas e degradadas, correspondente a 5,4% do total e muito aquém da meta de 30%.