A polícia moçambicana deteve um suspeito de envolvimento no rapto de dois empresários resgatados na última semana em Maputo, capital de Moçambique, um dos quais de nacionalidade portuguesa, anunciou esta sexta-feira fonte do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).
Corpo do artigo
“Este indivíduo faz parte daquela quadrilha e foi detido no dia 20 do mês em curso”, disse Hilário Lole, porta-voz do Sernic, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
A polícia resgatou, no dia 13, dois empresários, um raptado em 5 de agosto junto a uma unidade hoteleira da cidade de Maputo e outro de nacionalidade portuguesa, do ramo da construção civil, raptado em 29 de outubro também na capital moçambicana.
Durante o resgate, num cativeiro na Matola Rio, pelo menos quatro suspeitos foram abatidos numa troca de tiros com a polícia.
O homem, detido na quarta-feira na cidade da Matola, arredores de Maputo, é quem supostamente arrendava a residência usada como cativeiro dos empresários.
“Este individuo tem o contrato de arrendamento desta mesma residência desde maio do ano de 2022, pagando uma renda mensal de 16 mil meticais (239 euros)”, referiu o porta-voz, acrescentando que o homem tinha um grau de parentesco com um dos suspeitos mortos no dia 13.
A polícia suspeita que a residência tenha sido usada também como cativeiro de outras pessoas raptadas desde 2022.
“Acreditamos existir mais elementos desta quadrilha, tirando os próprios mandantes, e são esses trabalhos que estão sendo desencadeados pelo Sernic para podermos ter o esclarecimento cabal e levá-los até à responsabilização criminal pelos seus atos”, avançou Hilário Lole.
O homem detido nega o seu envolvimento nos raptos, mas confirma que os documentos usados para o arredamento da residência são seus.
Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende que é tempo de o Governo dizer “basta”.
A polícia moçambicana registou, até março, um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, anunciou anteriormente o ministro do Interior, Pascoal Ronda.