Um dos nove acusados ainda procurados pelo genocídio de 1994 no Ruanda foi detido na República Democrática do Congo.
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Presidente da câmara municipal de Nyakizu (sul do Ruanda) quando ocorreu o genocídio, Ladislas Ntaganzwa, de 53 anos, é acusado de ter incitado e participado nos massacres de milhares de civis tutsi e organizado violações de mulheres tutsi no território da sua comuna.
O suspeito deverá ser transferido para o Ruanda, onde será julgado após o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR), responsável pelo julgamento dos responsáveis do genocídio de 1994, ter transferido em maio de 2012 o seu "dossier" para a justiça deste país africano.
"As autoridades da República Democrática do Congo prenderam [na quarta-feira] um dos nove fugitivos procurados pelo TPIR", anunciou um comunicado emitido esta quinta-feira pelo Mecanismo para os tribunais internacionais das Nações Unidas (MTPI), uma estrutura responsável por concluir, após o final dos seus mandatos, os trabalhos dos tribunais internacionais para o Ruanda (TPIR) e para a ex-Jugoslávia (TPIJ).
O procurador do MTPI, Hassan B. Jallow, "agradeceu às autoridades da RDC a sua cooperação e pressionou-as a transferirem o acusado para o Ruanda onde deverá ser julgado de imediato".
As autoridades da RDC anunciaram que o fugitivo foi preso em Nyanzale, 60 quilómetros a norte de Goma, capital da província oriental do Norte-Kivu, junto à fronteira com o Ruanda.
Em declarações à agência noticiosa AFP, o ministro da Justiça da RDC, Alexis Thambwe Mwamba, não confirmou a extradição imediata do suspeito, mas assegurou que Ntaganzwa era "um chefe FDLR" (Frente democrática de libertação do Ruanda), uma milícia huti que há décadas atua de forma violenta no leste da República Democrática do Congo.
O TPIR encerrou oficialmente os seus trabalhos em 1 de dezembro. Em meados de dezembro deverá pronunciar a sua última decisão, o veredito do processo em apelo de seis antigos responsáveis ruandeses condenados em primeira instância e num mesmo processo a penas entre os 25 anos e a prisão perpétua.
Desde o seu anúncio, o TPIR indiciou 92 pessoas, condenou 61 e pronunciou ainda 14 absolvições.