
Incêndio no complexo matou, pelo menos, 160 pessoas
Foto: May James / EPA
A agência anticorrupção de Hong Kong deteve o atual e o anterior presidentes da associação de moradores do complexo residencial onde um incêndio causou pelo menos 160 mortos há três semanas, avançou a imprensa local.
De acordo com fontes não identificadas citadas pela emissora pública RTHK, o líder da associação, Tsui Man-kan, e o ex-presidente, Tang Kwok-kuen, foram detidos pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC, na sigla em inglês).
Os dois homens tinham-se deslocado na quarta-feira à sede da ICAC para cooperar com a investigação ao incêndio de 26 de novembro no complexo de habitação social Wang Fuk Court, mas recusaram fazer declarações à imprensa ao sair das instalações.
Tsui tomou posse como presidente da associação de moradores de Wang Fuk Court em setembro de 2024, sucedendo a Tang, que liderou a organização desde 2012, avançou o jornal South China Morning Post.
O ICAC lançou uma investigação para investigar alegada corrupção e manipulação do concurso para a atribuição das obras de remodelação do edifício, que resultaram no incêndio mais mortífero em Hong Kong desde 1948.
O Ministério Público está também a investigar 13 pessoas ligadas ao incêndio, sob a presunção de terem cometido homicídio por negligência, incluindo os diretores e um consultor de engenharia da empresa de construção responsável pelas obras.
Em 12 de dezembro, as autoridades de Hong Kong anunciaram que uma comissão de investigação às circunstâncias do incêndio será liderada por David Lok Kai-hong, juiz do Tribunal de Primeira Instância do Supremo Tribunal.
A comissão "começará formalmente o trabalho no final deste mês, com a perspetiva de concluir o trabalho nove meses após o início da tarefa", segundo referiu um comunicado publicado pelo executivo da região administrativa especial chinesa.
A comissão irá examinar todos os aspetos do incêndio, a começar pelas causas que aceleraram a propagação das chamas, supostamente atribuída aos materiais de proteção das reparações do edifício, mas também irá avaliar a resposta dos bombeiros ao pedido de socorro e a situação legal das obras.
De acordo com as conclusões finais da equipa, a comissão irá apresentar ao chefe do executivo do território, John Lee Ka-chiu, uma série de propostas para elaborar um novo quadro de prevenção de incêndios.
O mandatário prometeu à população uma série de "reformas profundas, com o objetivo de evitar que incidentes semelhantes se repitam".
Durante o anúncio da comissão, John Lee admitiu que o juiz investigador enfrenta uma "tarefa titânica" e que talvez nove meses seja um prazo insuficiente.
"O facto é que quero resolver esta questão o mais rapidamente possível e decidi estabelecer um prazo que considero realista, desde que a comissão disponha de meios suficientes para agir", afirmou.
