Dez anos de cativeiro: iraquiana resgatada após ter sido sequestrada pelo Estado Islâmico
Após uma década em cativeiro, uma mulher iraquiana de 21 anos sequestrada pelo Estado Islâmico foi resgatada na Faixa de Gaza, divulgou na quinta-feira o Governo israelita. A "complexa operação" que libertou Fawzia Amin Sido contou com a ajuda de diversos países.
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A jovem de origem yazidi foi raptada pelo grupo extremista Estado Islâmico, também conhecido como ISIS, em agosto de 2014, quando a cidade de Sinjar, no Norte do Iraque, foi capturada. Enquanto homens e meninos yazidi foram mortos no ataque, mulheres e meninas foram violadas.
Em declarações à CNN, Fawzia Sido relatou que mudou-se diversas vezes de local ao longo dos anos. "Acabámos no campo de Al-Hol [na Síria] antes de sermos contrabandeados para Idlib em 2019, e de lá fomos para a Turquia. Em 2020, arranjaram-me um passaporte na Turquia para que pudesse voar de Istambul para Hurghada, no Egito, e depois para Gaza", descreveu.
No território palestiniano, a iraquiana teve de deslocar-se frequentemente desde que Israel começou a retaliar os ataques de 7 de outubro de 2023. A jovem denunciou ao canal norte-americano que, sob o Hamas, o assédio era constante devido à origem yazidi e ao contacto telefónico que mantinha com a família. Os yazidis são uma minoria religiosa curda que vive no Iraque e na Síria.
Fawzia Sido foi eventualmente resgatada por uma organização não governamental. Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), "o terrorista que a detinha foi morto, provavelmente durante os ataques das FDI na Faixa de Gaza, e ela fugiu para um esconderijo dentro da Faixa de Gaza".
"Numa operação complexa coordenada entre Israel, os Estados Unidos e outros intervenientes internacionais, foi recentemente resgatada numa missão secreta a partir da Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom. Após a sua entrada em Israel, ela continuou para a Jordânia através da passagem da ponte Allenby e daí regressou para junto da sua família no Iraque", esclareceram as FDI num comunicado.
Quatro meses de espera
De acordo com Silwan Sinjaree, chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque, os esforços para a libertação duraram mais de quatro meses, dificultados pela guerra em Gaza. Fawzia Sido estava em boa condição física, mas traumatizada pelo tempo em cativeiro e pela situação humanitária no enclave palestiniano, acrescentou Sinjaree.
David Saranga, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, publicou na rede social X (antigo Twitter) um vídeo do reencontro da iraquiana com familiares. "A sua história é um lembrete da brutalidade enfrentada pelas crianças yazidi, levadas sem escolha. Recorde-se, ainda há 101 israelitas mantidos como reféns em Gaza", escreveu o chefe da diplomacia de Telavive.