Dezassete homens foram detidos na Sicília, Itália, e nos Estados Unidos, na sequência de uma operação antimáfia do FBI e da polícia italiana.
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A investigação de dois anos teve como alvo membros da notória família criminosa Gambino de Nova Iorque e alguns dos seus associados sicilianos na província de Palermo. Sete homens detidos na Sicília e 10 em Nova Iorque estão agora acusados de crimes que vão desde máfia e associação criminosa até extorsão, incêndio criminoso e fraude em leilões, de acordo com a agência italiana ANSA.
A família Gambino é uma das cinco famílias históricas da máfia italio-americana de Nova Iorque. Segundo os procuradores de Palermo, a investigação revelou “a solidez da relação existente” entre os mafiosos de Nova Iorque e da Sicília e “o interesse americano nos assuntos organizacionais da Cosa Nostra siciliana”.
Os investigadores descobriram provas que sugerem que os mafiosos norte-americanos estavam a receber formação e orientação dos sicilianos para terem uma abordagem menos violenta, exigindo quantias menores às vítimas de extorsão, para que houvesse menos probabilidades de pedirem ajuda às autoridades. As famílias da máfia siciliana também ajudaram os norte-americanos a atacar os familiares dos donos de restaurantes de Nova Iorque residentes na Sicília, coagindo-os a pagar o "pizzo", isto é, o dinheiro de proteção da máfia.
Os investigadores destacaram ainda que o tráfico de drogas continua a servir como um elo comercial comum entre as famílias criminosas da Sicília e de Nova Iorque.
Usavam pizzarias para esconder importação de heroína
Um dos esquemas mais infames entre os mafiosos da Sicília e de Nova Iorque é conhecido como "Pizza Connection". Entre 1979 e 1984, o magistrado antimáfia Giovanni Falcone descobriu a forma como pizzarias e restaurantes italio-americanos estavam a ser usados para cobrir a importação de heroína.
Na época, famílias da máfia siciliana compravam grandes quantidades de morfina da Suíça através de um traficante de drogas turco. A morfina era transportada por mar ou por terra para a Sicília, onde a máfia havia estabelecido laboratórios ocultos na província de Palermo para refinar as drogas. O produto refinado era então enviado para o norte da Europa e para os EUA.
Falcone foi assassinado em 1992, quando 300 kg de TNT explodiram e abriram uma cratera de 15 metros numa estrada, matando o magistrado, juntamente com a mulher e três guarda-costas.