Dezenas de migrantes barricaram-se nos últimos cinco dias num navio de carga na cidade portuária líbia de Misurata e recusam-se a desembarcar alegando que a Líbia é um país muito perigoso.
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O navio Nivin, que estava carregado com carros, já se dirigia a Misurata quando, na sexta-feira, retirou 93 migrantes que estavam num barco no mar Mediterrâneo e seguiu em direção ao seu destino.
Dois dos migrantes concordaram em sair com a guarda costeira da Líbia, mas os outros recusaram-se, dizendo que a Líbia é um país muito perigoso para os migrantes e querem ir para a Europa.
Os migrantes estão no porto de Misurata desde então, com o capitão e a tripulação mantendo-se nos conveses superiores do navio.
Um dos migrantes, um homem do Sudão do Sul, contactado pela agência de notícias Associated Press (AP) no navio, prometeu hoje que chegaria à Europa ou morreria a tentar.
O sul-sudanês disse que seis navios comerciais passaram pelo seu grupo antes que o Nivin finalmente os resgatasse.
O homem, que se identificou apenas pelo seu nome, Victor, temendo pela sua segurança, disse que ele próprio já havia sido preso repetidamente na Líbia e que seu próprio irmão havia morrido lá.
Por isso, não tinha intenção de voltar.
A guarda costeira da Líbia não fez comentários sobre a situação.
O chefe da missão Médicos Sem Fronteiras na Líbia, Julien Raickman, disse que a política da Europa de se recusar a receber migrantes resgatados levou a um aumento nas mortes.
Agora, um em cada cinco migrantes que atravessam perecem no mar, referiu.
Raickman disse que a guarda costeira da Líbia deu às organizações internacionais acesso aos migrantes, que têm comida e algum grau de assistência médica agora, mas não há casas de banho ou outras instalações sanitárias.
A carga de carros do navio foi descarregada pacificamente.
"Temos medo de que esta situação termine em violência. As pessoas que estão a bordo estão determinadas. Sabem que foram longe demais e podem ser acusadas de tomar o controlo de um navio", declarou Raickman, sublinhado que "estas são pessoas motivadas pelo desespero".