Ofensiva inesperada impõe retirada do Exército sírio. Força Aérea russa ataca insurgentes em apoio ao regime do presidente Bashar al-Assad.
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Outrora exilados numa região montanhosa no interior da Síria, os rebeldes islâmicos invadiram, na madrugada de hoje, as ruas de Alepo, com o Exército sírio a anunciar que dezenas dos seus soldados foram mortos no ataque dos militantes; o maior golpe, nos últimos anos, ao regime do presidente Bashar al-Assad, apoiado por Rússia e Irão.
Os combatentes do grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham e aliados tomaram grande parte da cidade numa derrota inesperada das forças do Exército sírio. Ofensiva em que os insurgentes tomaram território em todo o noroeste da Síria, no ataque mais ousado em anos de uma guerra civil iniciada em 2011, em que as linhas da frente de combate se encontravam em grande parte congeladas desde 2020.
Reconhecendo o avanço rebelde, o comando do Exército sírio declarou que os insurgentes entraram em partes significativas de Alepo, retaliando com ataques aéreos – sírios e russos –, que tiveram como alvo ajuntamentos e colunas rebeldes na cidade.
O comando militar sírio anunciou que os militantes atacaram em grande número e a partir de múltiplas direções. “O que levou as nossas Forças Armadas a realizar uma operação de redistribuição destinada a fortalecer as linhas de defesa, a fim de absorver o ataque, preservar as vidas dos civis e soldados, e preparar um contra-ataque”, declarou, citado pela agência Reuters.
Os rebeldes assumiram ainda o controlo do Aeroporto de Alepo, de acordo com uma fonte de segurança síria. Duas fontes rebeldes asseguraram que os insurgentes capturaram a cidade de Maraat al Numan, na província de Idlib, colocando toda aquela área sob o seu controlo.
Com Assad apoiado pela Rússia e pelo Irão, e com a Turquia a apoiar alguns dos rebeldes no noroeste da Síria, onde mantém tropas, a ofensiva vem inflamar a complexa dinâmica do conflito. Os combates no noroeste haviam diminuído em grande parte desde que Ancara e Moscovo chegaram a um acordo de desescalada em 2020.