O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, apelou, esta quarta-feira, para que a polícia se mantenha longe das mesas de voto, durante as eleições gerais em Moçambique, e pediu aos eleitores que controlem o seu voto.
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"Quero apelar para que as nossas eleições não sejam violentas e para que policia não seja dona do processo eleitoral, o processo é da Comissão Nacional de Eleições", declarou o candidato presidencial da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), depois de votar na Escola Secundária Polana, no centro de Maputo, e manifestando a convicção de que vai ganhar.
"Temos uma experiência amarga no passado, não queremos envolvimento da polícia nas mesas", insistiu Dhlakama, que contrariou um apelo das autoridades divulgado na terça-feira, no sentido de os eleitores abandonarem os postos de votação logo que exerçam o seu direito.
"Parece que a polícia quer correr com os eleitores. Não é bem assim. Depois de votarem, as pessoas podem voltar. Não é estar na bicha, mas podem voltar e ficar ao lado", afirmou o líder da Renamo, avisando que ele próprio vai sair durante o dia e visitar postos de votação.
"Vou voltar com meu carro e vigiar, estou interessado, sou eleitor e tenho de controlar o meu voto", declarou, aconselhando todos os eleitores a fazer o mesmo.
Dhlakama, que enfrenta as suas quintas eleições presidenciais, apelou para que, "pela primeira vez , as eleições tenham credibilidade e transparência, porque todas as outras no passado foram uma fantochada", manifestando confiança na nova lei eleitoral, que prevê representantes dos partidos de oposição nas mesas de voto.
No mesmo local onde meia hora mais tarde votou Filipe Nyusi, o seu adversário da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) na corrida presidencial, o líder da Renamo dirigiu-se ainda aos seus apoiantes, pedindo-lhe que, depois das enchentes nos comícios durante a campanha eleitoral, participem na votação e iniciem hoje a mudança.
"A mudança é hoje na boca das urnas, não nos comícios", afirmou Dhlakama. "Por aquilo que vimos na campanha, já ganhei", disse ainda.
O líder da oposição, que esteve refugiado na serra da Gorongosa, até ao fim do recente conflito, no centro do país, reiterou hoje que fará depender o reconhecimento dos resultados da transparência do processo eleitoral.
Se as eleições forem livres e justas, serei o primeiro a reconhecer os resultados. Sou um democrata, não um ditador", afirmou numa resposta em inglês a um jornalista internacional. "O que não vai acontecer é alguém roubar e forçar o outro a aceitar resultados", acrescentou, mencionando que, em África, sobretudo África Austral, "é preciso atenção à fraude".
Mais de dez milhões de moçambicanos escolhem um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.
No escrutínio, concorrem três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos políticos.