Diplomata sinaliza "indícios" de que Moscovo está pronto para intervir no leste e no sul da Ucrânia
O chefe da missão ucraniana junto da ONU, Yuri Klimenko, alertou hoje para a existência de "indícios" de que a Rússia estará pronta para lançar uma intervenção de grande escala no leste e no sul da Ucrânia.
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"Há indícios de que a Rússia está pronta a lançar uma intervenção de grande escala no leste e no sul da Ucrânia", disse o diplomata, em declarações aos jornalistas em Genebra.
De acordo com Yuri Klimenko, as informações recolhidas mencionam, por exemplo, a chegada à região ucraniana de Kherson, a norte da península da Crimeia, de significativos reforços militares russos, e de indícios que as forças russas estão a colocar minas nessa área.
O diplomata acrescentou que os serviços de segurança ucranianos interpelaram nas regiões leste e sul do país ativistas pró-russos que tinham documentos de identificação dos serviços de segurança russos.
"A Ucrânia e os ucranianos estão prontos para defender o seu território com todos os meios necessários, mas, nesta fase, continuamos empenhados com o caminho de uma solução pacífica", afirmou Klimenko.
"A utilização do direito de autodefesa será o último recurso para a Ucrânia", concluiu o diplomata.
Na terça-feira, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, advertiu, durante um evento com estudantes no Departamento de Estado em Washington, que uma eventual incursão da Rússia no leste da Ucrânia representaria um ato "ultrajante", afirmando que tal cenário seria "um enorme desafio para comunidade internacional".
O chefe da diplomacia norte-americana disse então que não poderia imaginar "um gesto tão ultrajante no mundo contemporâneo" e que tal representaria um "enorme desafio para a comunidade internacional e que exigiria uma resposta compatível com o nível do desafio".
"Seria uma grande violação e espero que não cheguemos lá", insistiu Kerry, quando foi questionado sobre qual seria a resposta dos Estados Unidos caso a Rússia fizesse uma incursão no leste da Ucrânia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou na terça-feira um tratado bilateral para a integração da Crimeia na Federação Russa, ignorando as sanções ocidentais impostas contra Moscovo.
A república autónoma da Crimeia, um território no sul da Ucrânia e de população maioritariamente russa, está no centro da tensão entre Moscovo e Kiev desde a destituição, em fevereiro, do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo.
As autoridades locais da península autónoma recusaram reconhecer o novo Governo de Kiev e referendaram, no domingo passado, uma união com a Rússia, apoiada por 96,77% dos votantes.
Durante os últimos dias, a república da Crimeia tem sido cenário de incidentes envolvendo forças pró-russas e militares ucranianos.