Acabou o prazo para as delegações de 185 países, reunidas em Genebra, chegarem a um acordo relativamente ao texto de um tratado sobre o combate à poluição causado pelos plásticos. Apesar do limite definido, no final de quinta-feira, os negociadores continuaram, em vão, os trabalhos na madrugada desta sexta-feira.
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A atual ronda de discussões iniciou-se a 5 de agosto, após o colapso da quinta e supostamente última reunião sobre o tema, no final do ano passado, na Coreia do Sul. Mesmo que grande parte dos estados - como os da União Europeia, a Austrália, o Canadá, países da América Latina e África, além de nações insulares - defenderem ações para diminuir a produção de bens feitos de plástico, o bloqueio permaneceu por parte das potências petrolíferas - como Arábia Saudita, Estados Unidos, Irão, Kuwait, Malásia e Rússia.
"Perdemos uma oportunidade histórica, mas temos de continuar e agir com urgência", pontuou a delegação de Cuba, citada pela agência France-Presse. "As negociações foram consistentemente bloqueadas por um pequeno número de Estados que simplesmente não querem um acordo", frisou a Colômbia. "Estou desapontada e com raiva", declarou a ministra francesa da Transição Ecológica, que culpou os países produtores de petróleo, "guiados por interesses financeiros de curto prazo", que "escolheram olhar para o outro lado".
"As nossas opiniões não foram refletidas... Sem um âmbito definido, este processo não pode permanecer no bom caminho", frisaram os representantes do Kuwait. Tais países opõem-se a um texto que se baseie em todo o ciclo de vida do plástico, desde a substância derivada do petróleo até ao resíduo. O Bahrein acentua que quer um tratado que "não penalize os países em desenvolvimento por explorarem os seus próprios recursos".
Antes do encontro na Suíça, os EUA enviaram, no final de julho, cartas para vários países a expor as linhas vermelhas. "Não apoiaremos abordagens globais impraticáveis, tais como metas de produção de plástico ou proibições e restrições a aditivos plásticos ou produtos plásticos - que aumentarão os custos de todos os produtos plásticos utilizados no nosso dia a dia", indicou Washington no documento revelado pela agência Reuters.
Dimensão do problema
A cada ano são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico, metade para artigos de uso único. Cerca de 15% dos resíduos são recolhidos para reciclagem, com apenas 9% sendo, de facto, reciclados. Por volta de 46% acabam por ficar em aterros, 17% são incinerados e 22% tornam-se lixo.