Donald Trump acusou, esta sexta-feira, o presidente ucraniano de tentar provocar a Terceira Guerra Mundial e de ser ingrato com os Estados Unidos. Volodymyr Zelensky deixou residência presidencial norte-americana mais cedo e não assinou acordo pelos minerais.
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A visita de Volodymyr Zelensky à Casa Branca terminou de forma dramática, com o ucraniano a ouvir de JD Vance e de Donald Trump que Kiev tem que ser mais grata pelo apoio dos EUA. A desastrosa ida a Washington, em que o chefe de Estado da Ucrânia assinaria o acordo dos minerais, ficou marcada pela acalorada discussão e representou uma rutura, com Zelensky, enxovalhado em frente às câmaras de todo o Mundo.
Uma atitude que foi prontamente condenada pelos líderes europeus, que se solidarizaram com Kiev. O confronto foi iniciado com Trump a garantir que não está alinhado com Kiev ou Moscovo, mas com os EUA, a Europa e o Mundo. “Você vê o ódio que ele [Zelensky] tem pelo Putin. Para mim, é muito duro fazer um acordo [de paz] com este tipo de ódio”, afirmou aos jornalistas na Sala Oval.
Vance interveio e criticou Joe Biden por confrontar o Kremlin, defendendo a diplomacia como o “caminho para a paz”. Zelensky questionou que tipo de diplomacia o vice-presidente norte-americano referia-se, citando a ocupação russa desde 2014 como exemplo da ausência dela por parte de Putin.
“Estou a falar do tipo de diplomacia que terminará com a destruição do seu país”, retrucou Vance, com o ucraniano de braços cruzados e Trump a ouvir. “Acho desrespeitoso vir à Sala Oval e tentar litigar isso na frente dos média americanos”, prosseguiu, acusando Kiev de forçar o recrutamento militar. “Devia estar a agradecer ao presidente [Trump] por tentar trazer um fim a este conflito”, acrescentou.
Zelensky rebateu, argumentado que Vance não esteve na Ucrânia e que, na guerra, “todos têm problemas”. “Até vocês. Mas vocês têm um belo oceano e não os sentem agora, mas sentirão no futuro”, disse, antes de ser interrompido por Trump.
“Não sabe disso. Não nos diga o que vamos sentir. Estamos a tentar resolver um problema”, salientou o ocupante da Casa Branca. “Não está agora numa posição muito boa, permitiu a si mesmo que ficasse numa posição muito má”, considerou o conservador, que frisou ao homólogo que a Ucrânia “não tem as cartas neste momento”.
“Está a jogar com a vida de milhões de pessoas. Está a jogar com a Terceira Guerra Mundial”, culpou Trump, que não deixava Zelensky responder. “O que está a fazer é muito desrespeitoso com este país”, continuou.
“Já disse obrigado uma vez nesta reunião inteira?”, indagou Vance, que acusou o ucraniano de fazer campanha para os democratas nas presidenciais norte-americanas de 2024.
O ensejo de uma resposta de Zelensky foi negado por Trump: “Tem falado muito”. E o magnata foi categórico sobre o conflito: “Não vai vencer isso”. “Vai ser muito difícil fazer negócios assim”, assinalou o norte-americano, que exige que o líder de Kiev seja “ agradecido”.
Trump alegou que Zelensky não quer um cessar-fogo. “Ou fazem um acordo ou nós estamos fora”, acrescentou. “E se estivermos fora, vocês vão lutar e não acho que vá ser bonito”, completou.
Sem acordo de minerais
A conferência de Imprensa e a assinatura do acordo dos minerais foram canceladas e presidente ucraniano deixou a Casa Branca logo após a discussão. “Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz”, publicou Trump na rede social Truth. “Obrigado, América, obrigado pelo seu apoio, obrigado por esta visita”, agradeceu, enfim, Zelensky.
Reações
Russos
“Como Trump e Vance se contiveram e não lhe bateram é um milagre”, disse a porta-voz da diplomacia russa. O ex-presidente Dmitry Medvedev classificou o ocorrido como “uma verdadeira bofetada na Sala Oval”.
Portugueses
Luís Montenegro disse que “a Ucrânia pode sempre contar com Portugal”. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, frisou a Zelensky que “nunca estará só”.
Europeus
Diversos líderes europeus demonstraram solidariedade com Kiev, como Alemanha, Espanha, França, Países Baixos e Polónia. Viktor Orbán, da Hungria, agradeceu, no entanto, a Trump por defender por a paz.