Centenas de documentos confidenciais relacionados com a rede de tráfico sexual dirigida por Jeffrey Epstein e por Ghislaine Maxwell deverão ser tornados públicos esta semana e poderão revelar novos detalhes sobre o esquema que envolve figuras públicas no mundo da política, dos negócios e da realeza.
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Algumas das identidades de 187 pessoas, mantidas em segredo até agora, deverão ser divulgadas no âmbito de um processo judicial contra Maxwell, que está a cumprir uma pena de 20 anos de prisão por vários crimes sexuais, incluindo o de recrutar e assediar jovens para serem abusadas por Epstein, que morreu na prisão em 2019.
O processo por difamação foi movido por Virginia Giuffre, uma das acusadoras de Maxwell. Na época, os nomes foram mantidos em segredo sob sigilo ordenado pelo tribunal. Porém, no mês passado, uma juiza de Nova Iorque decidiu que poderiam agora ser identificados publicamente.
Segundo a juíza Loretta Preska, muitos dos indivíduos citados no processo já foram identificados publicamente pelos meios de comunicação social ou no julgamento criminal de Maxwell e muitos outros “não levantaram objeções” à divulgação dos documentos. Ainda é desconhecido o número exato de nomes que serão revelados.
Figuras públicas entre os nomes
A lista que deverá ser revelada inclui uma mistura de pessoas acusadas de irregularidades, pessoas que fazem essas acusações e potenciais testemunhas. Poderão ser funcionários de Epstein ou pessoas que visitaram a sua casa ou viajaram no seu avião particular.
Uma das figuras públicas esperadas na lista é o príncipe André, filho da falecida rainha Isabel II.
Os documentos judiciais incluem 40 documentos de uma mulher que fez acusações contra o príncipe. Johanna Sjoberg afirmou que o príncipe André lhe apalpou o seio enquanto estava sentado num sofá no apartamento de Epstein em Manhattan em 2001. O Palácio de Buckingham disse que as alegações são “categoricamente falsas”. No ano passado, o príncipe pagou uma indemnização a Giuffre para resolver uma ação judicial que a mulher abriu, alegando que a abusou sexualmente quando tinha 17 anos. André garantiu, por sua vez, qu nunca a conheceu.
De acordo com a "ABC News", o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, é mencionado mais de 50 vezes nos documentos judiciais, mas não há implicação de qualquer ilegalidade. Clinton viajou no avião de Epstein em viagens humanitárias a África no início dos anos 2000. No passado, o ex-presidente disse ter cortado relações com Epstein e não ter qualquer conhecimento sobre os seus crimes.
Vários outros nomes foram associados a Epstein, incluindo o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o ex-secretário do Tesouro, Lawrence Summers, segundo o "USA Today". Um porta-voz de Gates disse ao "The Wall Street Journal" que os dois encontraram-se apenas “para fins filantrópicos, o que ele lamenta”. Summers, por sua vez, lamentou "profundamente" o facto de se ter misturado com Epstein.
Suicídio na prisão
Epstein morreu na prisão, em 2019, enquanto aguardava acusações federais de tráfico sexual. A causa da morte foi considerada suicídio por enforcamento.
O milionário foi acusado de administrar uma “vasta rede” de meninas menores de idade para tráfico sexual. Uma década antes, tinha sido condenado por solicitar prostituição a uma menor.