O australiano James Harrison, conhecido como “o braço de ouro”, morreu aos 88 anos, após dedicar mais de seis décadas a doar sangue de 15 em 15 dias. Um anticorpo raro que tinha no sangue ajudou a tratar milhões de mulheres grávidas.
Corpo do artigo
Conhecido na Austrália como o homem do braço de ouro, Harrison morreu enquanto dormia, numa casa de repouso, em New South Wales, Austrália, em meados de fevereiro.
James tinha no sangue um anticorpo usado para fazer uma vacina administrada a grávidas. Sem esse anticorpo, alguns bebés poderiam desenvolver doença hemolítica do feto (HDFN), um distúrbio sanguíneo que ocorre durante a gravidez e é potencialmente fatal. O problema surge quando os glóbulos vermelhos da mãe são incompatíveis com os do bebé.
Após uma cirurgia ao peito que o obrigou a receber uma transfusão de sangue, salvando-lhe a vida aos 14 anos, Harrison fez uma promessa. Começou a fazer doações aos 18 e, desde então, uma vez a cada duas semanas até aos 81 anos.
Doou sangue e plasma 1173 vezes e em 2005 atingiu o recorde mundial de maior quantidade de plasma sanguíneo doado, título que manteve até 2022, quando foi ultrapassado por um homem nos EUA. “Espero que seja um recorde que alguém quebre, porque isso significará que estão dedicados à causa”, confessou Harrison na época.
A filha, Tracey Mellowship, também vacinada com o tipo de anticorpo de James, disse que Harrison era um “humanitário de coração”. No total, mais de três milhões de doses do tratamento "anti-D" com o sangue de Harrison foram administradas a dois milhões de mães na Austrália desde 1967.