Dois jovens migrantes afegãos foram condenados a cinco anos de prisão pelo tribunal de Mytilene, na Grécia, por terem iniciado os incêndios que destruíram completamente o campo de refugiados Moria em setembro.
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Os dois afegãos, que tinham 17 anos na altura do incêndio, recorreram da sentença, ditada depois de uma audiência de seis horas, realizada na terça-feira à noite.
Os jovens serão agora transferidos para a prisão de menores e jovens adultos em Avlona, a 45 quilómetros de Atenas.
Dois incêndios consecutivos devastaram, a 8 e 9 de setembro de 2020, o maior campo de refugiados da Europa, com uma lotação quatro vezes superior à sua capacidade e condições de vida miseráveis.
Apesar de não fazerem vítimas mortais, os incêndios deixaram cerca de 13 mil requerentes de asilo sem abrigo, tendo a maior parte sido transferida para campos em Lesbos.
O incêndio foi detetado depois de ter sido anunciado que 35 pessoas do campo tinham obtido resultado positivo no teste para deteção da infeção da covid-19 e que iriam ser transferidas para uma área especial de isolamento.
Nesse mesmo dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha - que assumia, então, a presidência da União Europeia - pediu aos Estados-membros para cuidarem dos migrantes atingidos pelo "desastre humanitário".
Além dos dois jovens já condenados "por incêndio criminoso", as autoridades detiveram, na noite de terça-feira, outras quatro pessoas, que ainda estão em prisão preventiva.
Segundo a organização não governamental Centro Legal de Lesbos, que representou os dois arguidos no julgamento referindo a falta de "provas credíveis", os restantes quatro detidos são menores não acompanhados.
"Apesar de estarmos dececionados com o julgamento de hoje, as coisas poderiam ter corrido muito pior para estes dois jovens", disse a ONG em comunicado hoje divulgado.
"A condenação por incêndio criminoso poderia ter levado a uma pena de 10 anos de prisão", referiu.