Aos gritos de "Liberdade!", milhares de opositores de Nicolás Maduro saíram às ruas da Venezuela na terça-feira para reivindicar a vitória de Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais, após protestos que causaram 12 mortos e centenas de detenções.
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Apoiantes de González Urrutia e da líder da oposição María Corina Machado concentraram-se em Caracas e outras cidades venezuelanas para contestar o resultado das eleições de domingo que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, proclamou a vitória de Nicolás Maduro para um terceiro mandato.
"Devemos permanecer nas ruas, não podemos permitir que nos roubem os votos tão descaradamente. Isso precisa de mudar", disse a administradora Carley Patiño, de 47 anos, à agência de notícias AFP.
Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória, enquanto a comunidade internacional pressiona para uma recontagem transparente dos votos.
Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos pediram, na terça-feira, a apresentação das atas de votação, defendendo que as eleições na Venezuela representam "um momento crítico para a democracia no hemisfério". María Corina Machado garante ter cópias de 84% das atas, que provam a fraude.
O governo do Peru já reconheceu González Urrutia como "legítimo" presidente eleito da Venezuela, não reconhecendo a decisão da autoridade eleitoral venezuelana de declarar Nicolás Maduro vencedor. Javier Gonzáles-Olaechea, ministro das Relações Exteriores, anunciou que as autoridades peruanas admitem considerar o regime de Maduro como um "governo 'de facto'", que não é reconhecido oficialmente, a partir de janeiro de 2025, data em que termina o segundo mandato do governante venezuelano. Em resposta, caracas anunciou o corte de relações diplomáticas com o Peru.
Apelos à calma
Durante a concentração em Caracas, González Urrutia pediu calma às forças de segurança, após a morte de 12 pessoas nos protestos, além de dezenas feridos.
"Senhores da Força Armada: não há razão alguma para reprimir o povo da Venezuela, não há motivo para tanta perseguição", disse o rival de Maduro nas eleições.
Já o presidente responsabilizou González Urrutia e Maria Corina Machado pela violência nas manifestações e garantiu que "a justiça vai chegar".
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e o responsável pela diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediram respeito à manifestação pacífica dos opositores.