Drone atinge navio que transportava ajuda para a Faixa de Gaza, cercada há dois meses
Um drone atingiu hoje um navio que transportava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, ao largo da costa de Malta, afirmou num comunicado a organização não-governamental Codepink. O ataque acontece no dia que marca os dois meses de cerco ao enclave, sem acesso a ajuda humanitária.
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O navio pertencente à Flotilha da Liberdade – organização de ativistas pró-palestinianos que reúne embarcações para enviar ajuda a Gaza - estava a tentar levar alimentos e suprimentos à população no enclave palestiniano, referiu o comunicado.
O Governo de Malta disse que 12 tripulantes e quatro civis estavam a bordo e que não houve vítimas.
Há dois meses, Israel bloqueou a entrada de qualquer ajuda humanitária em Gaza, provocando a pior crise humanitária em quase 19 meses de guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas no enclave.
O exército de Israel não respondeu a um pedido de comentário sobre o caso.
Um dos ativistas que há uma década está envolvido no trabalho da Flotilha, Charlie Andreasson, disse à agência de notícias Associated Press (AP) que falou com pessoas a bordo do navio que relataram duas explosões e um incêndio.
Embora as pessoas a bordo estivessem em segurança, Andreasson disse que havia o risco de o barco afundar, uma vez que o gerador foi atingido e o barco ficou imobilizado.
Durante uma tentativa de entrega de ajuda da Flotilha em 2010, quando esta quis romper o bloqueio imposto por Israel desde aquela altura à Faixa de Gaza, as forças israelitas invadiram o navio turco Mavi Marmara, matando nove pessoas a bordo.
O incidente levou a um colapso nas relações turco-israelitas.
Dois meses de cerco e de uma punição coletiva
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente acusou hoje Israel de “punição coletiva” dos palestinianos de Gaza após dois meses de bloqueio à entrada de ajuda humanitária.
“O dia de hoje marca dois meses de cerco contra o povo de Gaza”, assinalou a agência conhecida pela sigla em inglês UNRWA, cujo comissário-geral, Philippe Lazzarini, apelou a Israel para “levantar o cerco”.
Lazzarini escreveu nas redes sociais que o cerco é “contra as crianças, as mulheres, os idosos e os homens civis”, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
“São coletivamente punidos por terem nascido e viverem em Gaza, algo que não depende deles”, lamentou.
O chefe da UNRWA disse que Israel tem de levantar o cerco e permitir a entrada de fornecimentos básicos.
Advertiu que “a cada dia que passa, o cerco mata silenciosamente mais crianças e mulheres, para além das que são mortas pelos bombardeamentos israelitas” no enclave.
“É tempo de mostrar que não perdemos totalmente a nossa humanidade”, disse Lazzarini, que defendeu também que os reféns israelitas ainda detidos em Gaza “devem ser libertados”.
Numa outra mensagem sobre os dois meses de bloqueio israelita, a agência da ONU disse que as provisões alimentares estão a escassear e que a ajuda continua bloqueada fora de Gaza, pronta a ser transportada.
“A UNRWA e os seus parceiros têm ajuda vital à espera nas fronteiras”, reiterou, defendendo que os pontos de passagem devem reabrir.
“A população de Gaza não pode esperar mais”, acrescentou.