Lusófonos participam em peso no escrutínio que servirá de barómetro às parlamentares, que deverão ocorrer até outubro deste ano.
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O Luxemburgo vai hoje às urnas decidir os vereadores das 102 comunas, como são chamados os municípios do pequeno Grão-Ducado. As eleições locais vão servir como barómetro para as legislativas, que devem ocorrer até outubro deste ano. Com uma comunidade que representa 16% dos mais de 600 mil habitantes, diversos portugueses e lusófonos concorrem no pleito, inclusive na capital.
No sistema luxemburguês, em que o voto é obrigatório, os eleitores podem escolher diversos vereadores, de acordo com o número de assentos disponíveis - e este depende do tamanho da população. Enquanto as comunas com menos de mil habitantes têm sete cadeiras, a maior cidade, Luxemburgo, conta com 27. Os burgomestres, o equivalente a presidentes de câmara, são eleitos pelos vereadores, num sistema parlamentarista a nível municipal. O escrutínio deverá ter resultados ainda hoje, pois as urnas serão encerradas às 14 horas.
Os números vão servir como um barómetro para as legislativas, que devem acontecer até outubro. Numa sondagem realizada entre março e abril, a coligação que governa desde 2013 - composta pelos sociais-democratas do Partido Operário Socialista do Luxemburgo, os liberais do Partido Democrático e os favoráveis à causa ambiental de Os Verdes - deve permanecer no comando do país, com uma maioria com poucos assentos de vantagem. Segundo o portal "Luxembourg Times", o Executivo liderado pelo primeiro-ministro Xavier Bettel vive um momento de crescimento económico, com um aumento do Produto Interno Bruto de 2% no primeiro trimestre de 2023, atrás apenas dos 3,8% da Polónia na União Europeia.
Portugueses na corrida
As eleições comunais contam com 113 candidatos de nacionalidade portuguesa, excluindo os que têm também nacionalidade luxemburguesa. De acordo com os números do Ministério da Família, da Integração e da Grande Região divulgados pelo jornal "Contacto", os lusos são o maior grupo de estrangeiros entre os 3847 candidatos a vereadores, seguidos pelos franceses (64) e alemães (44).
Os portugueses concorrem principalmente pelo Partido Democrático (20 candidatos) e pelo Partido Operário Socialista do Luxemburgo (19), segundo o Ministério do Interior, citado pela Rádio Latina. A única vereadora lusa no conselho comunal da capital, Maria Eduarda Macedo, no entanto, concorre por Os Verdes. A filha da cantora e atriz Simone de Oliveira vive há quase quatro décadas no Luxemburgo e substituiu um partidário que se reformou em 2021. A vereadora, citada pelo "Contacto", tenta agora ser eleita com foco na causa ecológica e "nas questões de integração, convivência e melhor habitação".
Na lusofonia, há ainda quatro candidatos oriundos do Brasil e três de Cabo Verde. De origem cabo-verdiana, Natalie Silva é a burgomestre da pequena Larochette, no centro do país. A autarca concorre com mais 18 pessoas pelas nove cadeiras no conselho comunal. Mais votada em 2017, Silva espera repetir os resultados positivos no escrutínio de hoje, com apoio da comunidade lusófona. "Os portugueses conhecem-me e sabem que podem falar comigo. De forma geral, há também muitos brasileiros e cabo-verdianos. Gosto de falar português com eles", disse a burgomestre, citada pelo portal de notícias.